sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

18 - Do primeiro cartão ao torpedo


Brrrrrrrrr... brrrrrrrrrr.
Vc tem uma nova mensagem. Deseja ver agora? OK.

Desejamos um Natal repleto de harmonia, muitas felicidades, paz e saúde. Maurício e Família.
Desejamos a vc e à sua família um Feliz Natal e um excelente 2010 com saúde e muitas realizações. Biggi / Lu / João / Ana
Que nesta noite especial de Natal todos os seus sonhos se realizem e que Deus continue abençoando você e toda asua família. Feliz Natal e ótimo 2010. São os votos de Arnaldo, Luani e Vitor.
Um Natal de muita paz, saúde, alegria e prosperidade são os nosos votos a você e à sua família. Fabio (este que vos escreve), Rose e Bettina.
Agradecemos e retribuimos. Julio, Geni e Jessica.
Valeu, Fabião. Igualmente.
Vizinhos queridos! Tudo em dobro prá vcs! Feliz Natal e um 2010 iluminado. Bjssss
Que o seu Natal seja a esperança do ano que está por vir, com tds as realizações. Feliz natal e um 2010 iluminado. são os votos de Gilson e Família.
Obrigado, Ratão! Feliz natal a você e sua família linda! Este ano começou torto mas acabou bem. E que 2010 seja muito melhor. São os votos da Carla, Rafa, Anna e Osmar.
Que o espírito do Natal traga cada vez mais paz, amor, saúde, harmonia, sabedoria e sustento para nossos lares e nossas famílias. Que nosso Deus possa estar cada vez mais em nossos corações, em nossas vidas, em nossos caminhos e junto de nossas famílias. Que Deus esteja abençoando vc e toda sua família por mais essa oportunidade de comemorar o nascimento de Seu Filho Jesus! Feliz Natal e um forte abraço a vc e seus familiares. Família Prates.
A Família Bolgar agradece e deseja o mesmo.
Obrigado para vc e família também. Feliz Natal.
Muito obrigada primos. Um Natal abençoado para vcs também e em janeiro a gente se vê novamente. Estarei em São Paulo de 05/01 a 15/01 em treinamento pela Santher. Acho que em Bragança Paulista ou SP mas confirmo o local. Vovó vai fazer 93 anos em 11/02 e manda lembranças tb. Abraços, Mitchelle e Família.
Mamma mia ma djá é Natale? Infelizmente não dá mais para reunir toda a família como quando éramos pequenos. Aproveitem cada minuto com se fosse o último com sua família. Distribuam beijos e abraços na família toda. A vida é curta e a nossa família é uma só. Bom Natal e muito carinho a vocês. Ciao bello che io vo bebe até domani!
Amigo, Feliz Natal!!! Votos da Família Canavesso.
Obrigada, Fabio. Um Natal de muita luz, amor e felicidade para vcs também! Super beijo, Sabra.

Desejamos a você e à sua família um Feliz Natal e que Deus abençoe grandemente suas vidas. Um forte abraço!

Muito obrigado e que vocês tenham um Ótimo Natal com muita alegria e paz. Um grande abraço, Alessandro, Michele e Mateus.
Desejamos a você e à sua família um Natal de muita paz e amor e um Ano Novo repleto de realizações e de muita prosperidade. Um forte abraço. Mario e Grace.
Feliz Natal prá vc também e prá toda família. Bj.

Do primeiro cartão de Natal ao iPhone 166 anos se passaram. Entre um e o outro, o blog. Feliz Natal, Caro Leitor!!!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

17 - little less conversation and more action


SOU UM ET

Refrão:
Sou malucão, sou um ET.
Vim do espaço sideral.
Te assombrar, vou te comer.
Vou te rasgar.
Sou malucão, sou um ET.

- O que é aquilo? É um passarinho? Não! É um ET
!

(Refrão)

Sou, sou, sou, sou, sou um ET! Um ET! Yeah!


QUERO FAZER UM WEB SHOW
Só quero fazer um web show.
Falar sobre o que eu quiser!
Falar sobre bandas maneiras,
e coisas nojentas, nojentas.

Refrão:

Web show é demais!

Quero fazer um web show!
Falar de tudo o que eu quiser!


GATO AMADO

Eu tenho um gatinho
que se chama Ozzy.
Um "belo" dia ele fugiu
para a Antártida.
Fui atrás dele e perguntei:
- Como eu vou achá-lo?
Ouvi uma voz assim:
- É só encontrar uma mancha preta!

Refrão 4 x:
Procurei, procurei e não achei nada!

Ouvi um miado e fui seguindo
prá esquerda, para a direita nada não!
Prô Norte, prô Sul, prô Leste ou para o Oeste
Nada do gato!
Quando fui achá-lo estava em 2009
4 anos procurando o gato!

por Bettina - 9 anos.
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O Rato Elétrico num canto, pensando:
- Acho que eu preciso parar de influenciar a pequena criatura com as músicas que tenho ouvido esses anos todos...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

16 - Parece que os garotos não estavam tão certos assim...


Séc. XX tecnologia programada
Juventude largada sem entender nada
Geração atrofiada mas que nada fala
Vida programada mente retardada
Verdadeiras massas computadorizadas
Eu não sei o que quero
Mas eu sei que eu vou conseguir 2x


Essa semana fui a Campinas, 118 km de casa. Em horas, cerca de uma mais quinze minutos se no dia 2 de janeiro de qualquer ano. Mas sexta-feira última foi véspera de feriadão prolongado de Finados e o buraco foi mais embaixo. O trânsito em São Paulo chegou a 210 km no seu ápice. No carro rolando Garotos Podres e Camisa de Vênus. Os Garotos Podres são uma de minhas bandas nacionais preferidas e, apesar da pobreza das letras, têm uma sonoridade fantástica. Sonoridade que me leva aos tempos de adolescente rebelde meio sem causa. Ser adolescente nos 80's era não ter uma causa muito bem definida para defender. Na viagem de volta a São Bernardo do Campo deu para ouvir muito Garotos Podres e Camisa de Vênus.

Mas os Garotos Podres erraram sua premonição. O trecho da letra acima é de um álbum de 1983. O que será que queriam dizer com "mentes retardadas e massa computadorizada" em uma época que não havia a Internet comercial. As redes mais sofisticadas nos EUA eram baseadas em Arpanet e eram restritas às universidades, ao governo americano e aos militares. Em 1982 a Disney lançava Tron - uma revolução na computação gráfica. Os IBM tinhas minúsculas telas com letras verdes e era necessário conhecer QDOS - ou DOS - e outras linguagens. Baixar músicas via rede? Não existia nem CD. Para comprar um vinil importado íamos às grandes lojas importadoras, garimpávamos o artista em calhamaços de xerox encadernados, encomendávamos e esperávamos um mês, 40 dias até chegar a bolacha.



Definitivamente, não havia massificação computadorizada. Esse veio ocorrer passado um pouco mais de uma década e não tornou as mentes retardadas. Pelo contrário, criou toda uma geração ávida pelo conhecimento e democratizou a informação. Claro que essa democracia é questionável do ponto de vista da qualidade da informação mas isso é igualmente reflexo do comportamento humano fora das telinhas dos PCs. Essa é uma outra discussão. O fato é que os adolescentes de hoje são muito mais geeks e informados do que em qualquer outro tempo.

Os Garotos Podres cantaram a subversão da arte burguesa na música e na arte em Rock de Subúrbio. O que será que passava pela cabeça da banda quando proclamavam tal subversão. A que moldes seriam? O que eles não ditaram em nenhuma de suas canções foi o abismo social que estava por vir...

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Por outro lado, Camisa de Vênus rimou, na mesma época, em Dogmas Tecnofascista:


Novos dogmas são planejados
Velhos anseios são adaptados
O tecnofascista mostra o caminho
"Siga a matilha ou vai morrer sozinho"



Foi a sabedoria da banda baiana que prevalesceu. Inútil remar contra as tendências sob a pena de morrer sozinho. Nada de tentar subverter as ordens burguesas ou elas quais sejam pq isso não leva a nada. Temos que nos adaptar a elas. Nas letras do Camisa de Vênus tem muito desse acompanhar as tendências apesar de haver algumas contestações. Certamente , o Camisa de Vênus não sabia a revolução que estava por acontecer. Nem Bill gates soube quando preteriu a Internet. Mas Marcelo Nova foi mais politizado entre as duas bandas a que me refiro. Teve a humildade de não protestar e sim de dizer: siga o que está acontecendo no mundo até termos certeza do que está acontecendo...

O rock nacional, naquela época, ficou meio confuso com o enfraquecimento da ditadura. O chamado rock de protesto não tinha mais uma causa forte para gritar contra. Saíram em busca de novos temas para serem opositores e, como nessa época tb se começava a falar na computação estratégica e industrial, muitos enveredaram por esse lado. Mas que diabos era essa tal de computação?

Uns acertaram, outros nem tanto assim...

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Curiosamente, os Garotos Podres sobrevivem às lembranças graças à revolução digital que pirateia e disponibiliza suas canções no ambiente virtual.

Passadas quase três décadas, são as bandas, a cultura, a arte e a ordem dos 80's quem alimenta maciçamente ao meio digital de hoje. Dos 90's quero me esquecer pq não significaram nada musicalmente para mim. Os 00's foram tempos de recuperação do prejuízo da década anterior.

Felizmente, esse vácuo dos 90's & 00's parece ter chegado ao final e vivenciamos, de forma expressiva, o nascimento de uma nova ordem cultural, toda digitalizada, diretamente dos 80's para os 10's e sem escalas. Temos uma boa causa em mãos: o meio ambiente e as questões da sustentabilidade como pano de fundo.

Bem, feitos os comentários, vou ouvir mais um pouco dos Garotos Podres e sua subversão inocente e deliciosa!!!

Eu não sei o que quero
Mas eu sei que eu vou conseguir 2x

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

15 - De médico e louco minha cardiologista não tem pouco


Meu, daqui 40 horas faço a segunda cirurgia em meu olho esquerdo. É uma cirurgia simples mas requer anestesia local e sedação. Exatos 30 dias atrás estava sendo operado em emergência pq a danada da Maria Retina resolveu que queria ser descolada de uma hora prá outra. Deve ter sido influenciada pelo Narizvaldo, aquele bisbilhoteiro que vive fuçando onde não é chamado. Os descolados já nascem descolados. Não adianta querer ser descolado depois de adulto pq isso não dá certo. E com Maria Retina não foi diferente. O oftalmologista já deu logo uma enquadrada nela e colocou ordem na casa. Mas Narizvaldo fez que fez e Maria Retina tá querendo ser descolada de novo. Dessa vez, já ligado nas intenções dela, me adiantei e contei tudo para o Dr. Marcelo. Vamos dar outro jeito nessa menina. Exames prévios, nada de surpresas ou emergências, temos uma semana para armar a cilada para a desorientada da Maria Retina.
Dr. Marcelo viu Maria Retina na segunda-feira e marcou para sexta-feira a nova cirurgia. Pediu exames pré-operatórios. Na terça-feira, fiz exames de sangue. Um punhado deles. Hoje foi a vez do cardiologista. Um eletrocardiograma que leva alguns segundos, um de acordo do especialista e seria só correr prô abraço. Mas alguma coisa deu errado no meio do caminho. Em vez do cardiologista cordial, uma cardiologista mal-humorada dos infernos. Fez um caminhão de perguntas, cujas resposta eram não tenho, não tenho e não tenho. Ela não creu neu e me pediu um "jornal" de exames. Um monte de solicitações em umas folhas enormes.
- Doutora, minha cirurgia é daqui dois dias. Não vai dar tempo...
- Vê com as meninas da recepção. Se informa lá e faz os exames.
- Esses exames todos podem ser feitos aqui?
- Vê com as meninas da recepção. Se informa lá e faz os exames. Depois volta aqui que eu dou o meu parecer.

Aaaaaaaaaaaaah, vaca filha da puta. Em vez de facilitar a minha vida vai me dar essa canseira? Eu cheio de trabalho e agora tenho que ficar correndo prá lá e prá cá prá fazer esses exames todos prá ganhar um parecer? Uma simples assinatura dela? Quem ela tá pensando que é? Fiiiiiiiiiilha da puta!!!

- Recepcionista, preciso fazer esses exames...
- Deixa eu ver aqui. Vamos marcar...
- Acho que não dá para marcar. Opero na sexta-feira...
Depois de algum tempo...
- Vc vai fazer esse exame aqui mesmo. E vai ser agora que é para dar tempo de vc fazer os demais. A doutora só fica hoje até as 11:00 e amanhã, das 8:00 às 9:00. Na sexta é a sua cirurgia. Vai dar trabalho...

Toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc...
Esse som sou eu de calça social e sapatos de sola de couro caminhando na esteira ergométrica. A enfermeira ainda me deu uma opção:
- Ah, vc não veio preparado, né? Vc prefere caminhar de sapatos ou descalço?
O pessoal do lado de fora da sala deve ter pensado que havia um cavalo fazendo teste ergométrico!!!

O segundo trabalho de Hércules para conseguir o de acordo da toda poderosa era perto dali... fui debaixo de garoa caminhando por duas quadras até o local do eco doppler. Nome chique de exame para uma cirurgia relativamente smples. O que será que ela quer mais saber sobre o meu coração? Mais negociação na recepção e finalmente fiz o segundo exame do dia!!!

Terceiro trabalho de Hércules. Fui até o laboratório onde havia feito os exames ontem. Senha na mão, quando chegou minha vez, pedi ajuda:
- Uma médica maluca me pediu uma coisa meio difícil e por isso eu vou pedir o seu auxílio para conseguir realizar esse terceiro trabalho.
- Pois não? Disse ela, sorrindo com intenção clara de ajudar.
- Ela quer que eu faça esses exames todos aqui. Ela quer isso amanhã, às 8:00... Olha esse. aqui... Precisa de jejum. Eu já tomei café da manhã hoje. Somo mais 12 horas e vcs ficam me esperando aqui até as 20:00, tiram o meu sangue, ficam trabalhando de madrugada... Quando estiver quase amanhecendo, eu acordo, entro na Internet, imprimo o exame e coloco na mão dela no horário em que ela estiver lá, amanhã, depois de uma noite bem dormidinha.
- E alguns exames nessa lista nem podem ser adiantados. São dois dias de espera.
- Tô falando que ela é uma maluca... Não tô falando?
- E esse daqui, precisa de 24 horas de abstinencia sexual.
- Ó, tô falando... essa maluca tá achando que a gente só pode transar quando ela quer? Em abstinência sexual deve ser ela quem está... de 24 meses. Não vou fazer esses exames coisíssima nenhuma.
- Complicado, né? (rindo)
- Vc consegue aproveitar o restinho do sangue do exame que eu fiz ontem?
- Deixa eu ver.
Depois de um minutinho.
- Olha, não pode aproveitar não. Se ainda fosse o sangue da manhã de hoje poderia. Mas o senhor vai ter que tirar o sangue de novo para fazer esses exames.
- Deixa prá lá... Não vou fazer mais esses exames. Ela que fica de abstinência sexual e eu que pago o pato?

Esta tarde juntei o resultado do exame de ontem com os de hoje e montei um pacotinho. Amanhã cedinho eu vou levar tudo para aquela sádica abstida. Quero só ver se ela vai querer me dar canseira. Agora à noite me lembrei que que o Dr. Marcelo havia pedido para eu não fazer esforços físicos até a cirurgia e eu fiz SÓ um teste ergométrico com o coração chegando a 172 bpm.
Ah, ela não abuse senão vai constatar que era mesmo um cavalo que estava fazendo toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, toc, naquela esteira.

terça-feira, 7 de julho de 2009

12 - Michael Jackson Is Not Dead

Último 3 de julho o suposto fantasma de Michael Jackson foi visto em Neverland.
Era fantasma coisa nenhuma. Era o próprio Michael que não morreu. Está vivinho da Silva. Tudo não passou de uma estratégia elaborada pelo seu ávido e eficiente personal marketeiro Frank Dileo para saldar suas dívidas. Seus CDs estão estourando de vendas, o iTunes está congestionado de downloads dos seus albuns, seu funeral, esta tarde, foi um espetáculo.
Michael foi dividir com Elvis um espaço na Bat Cave, loft singular de endereço conhecido por poucos. Quem revelou o esconderijo do pai ao ex-marido foi a própria Lisa. Eu não saberia classificar essa modalidade de nepotismo mas fica evidente o favorecimento.
Dizem que Raul também aparece por lá para. Particularmente, acho que o Paulo também. Se reunem os quatro na boca (da caverna) para apreciarem da boa que cura e acalma.
É, meus amigos. Michael não morreu mesmo!!!


terça-feira, 30 de junho de 2009

11 - Luau de Camarões em Itamaracá

Minha mulher e estávamos no vôo para João Pessoa naquele verão de início de 1999 para passar duas semanas naquela região maravilhosa do Nordeste. Durante o voo, me lembrei e contei a ela sobre um episódio ocorrido na casa de uma tia de Recife. Minha tia preparara, especialmente para minha visita, uns pequenos moluscos que, segundo ela, eram tirados de raríssimas conchinhas em miniatura, um a um. Depois eram cozidos com especiarias e leite de coco. Rendiam uma generosa porção de um pouco mais que uma xícara de leite, pois era um prato delicado. Segundo ela, era sua especialidade mais especial. Quanta honra!!! Não me lembro do nome dos molusquinhos, mas não eram o conhecido sururu, disso eu tenho certeza. Esse cara tinha um nome diferente!
Caro leitor, antes que me chame de enjoado, juro que já tentei comer peixes e frutos do mar em outras ocasiões, mas não desce nem com lubrificante. Já passei muitos constrangimentos e bermudas justas por conta disso. Como não poderia deixar de ser, dei o maior vexame com a minha tia. Queria ser um avestruz para enfiar a cabeça no ralo da cozinha e ficar lá até 2023... ou até ela esquecer dessa minha desfeita e me perdoar.

O avião desceu. Chegamos em Bayeux e fomos direto para o hotel, que superou nossas expectativas de tão agradável e organizado. Fica na Praia de Tambaú.
Chegamos e logo liguei para um tio que mora em João Pessoa e para a minha tia de Recife, a prendada cozinheira dos frutinhos do mar ao leite de coco. Quem atendeu foi minha prima, que assim como meu tio, comentou sobre um luau com churrasco de camarões que minha tia havia feito na sua casa na Ilha de Itamaracá, na beira da praia, com muitas frutas e frutos do mar pescados na hora pelos caiçaras com rede de arrastão. Mais tarde, liguei novamente para casa da tia e o primo atendeu... e ele também contou do tal luau legal. Na terceira tentativa, à noite, consegui falar com a minha tia. Vcs adivinhem, qual foi o meu comentário infeliz? "Putz, tia. Que luau maravilhoso é esse que vc fez que está todo mundo comentando. Deve ter sido maravilhoso, não?" E ela respondeu, de pronto, na maior simpatia inerente às tias: "Venha para Recife no final de semana que eu vou preparar um luau de camarões igual para vc e sua esposa. Vcs vão adorar". Pensando na bobagem que eu havia dito, tentei escapar: "Não precisa se preocupar, tia". Mas não teve jeito: "Fábio, eu faço questão. Está decidido. Vcs vêm para cá no final de semana".

Puuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuta que pariu... eu e minha boca enorme que não sabe ficar calada!!! Não é por desfeita, mas não consigo comer peixe!!! E agora?!!
A semana passou voando e, no sábado, chegamos a Recife. De lá, rumamos a Itamaracá. No caminho, paramos em Igarassu, comemos alguma coisa e conhecemos a Igreja de São Cosme e São Damião, de 1535. A mais antiga do Brasil em atividade. Recentemente, li que foi restaurada. Já em Itamaracá, caminhamos pela orla, estivemos no Forte Orange e, de barco, fomos até a Ilha da Coroa do Avião, um banco de areia com uma cabana.
A noite da sentença caiu rápida. A todo instante eu ouvia os comentários que a churrasqueira estava pronta e que os pescadores já se preparavam para puxar a rede repleta de camarões e outras criaturas marinhas. Qual seria a minha pena? Camarões? Peixes? O que a rede traria para minha condenação por abrir a bocona na hora errada?
Chegaram os meninos com a rede. Caminharam pela areia até a churrasqueira com o veredito nas mãos. "Dona, não veio nada. Só esse camarãozinho preso aqui, ó... mais nada. Andamos um tempão pelo mar e é só isso que tinha. Vamos tentar mais uma vez".
Meu, não acreditei... eu recebi uma segunda chance e estava próximo da absolvição. E, quando os pescadores voltaram, nada novamente. Minha tia ficou profundamente chateada e voltamos para a casa, onde haviam só frutas da terra. Comi, comi, comi. Comi até a jaca e passei mal mas passei mal feliz. Obrigado, Papai do Céu. Que me perdoem os amantes do camarão mas eu, realmente, não consigo comer!!!
Caro leitor, essa foi o último post sobre minhas frustrações gastronômicas. Nem sou tão enjoado assim, vai... Adoro um gorgonzola daqueles bem molhadinhos, como camembert até a última casquinha branca, sou maluco por carpaccio e eu sei que alguns dos meus leitores têm asco disso. Então, estamos quites e não fiquem tão indignados com essa minha repulsa por coisas marinhas.
Moral da história:
Em boca fechada não entra mosquito e nem camarão!!!

terça-feira, 5 de maio de 2009

10 - Mofongo é um organismo vivo e se multiplica

Qual a primeira coisa que lhe vem à mente quando alguém lhe diz 'mofongo'?
Era 17 de junho de 2007. Meu então chefe chegou subitamente e perguntou como estava meu passaporte. "Vc embarca para República Dominicana dia 25 de junho". Obviamente, meu passaporte estava vencido.
Apenas para situar meu caro leitor, nessa época aconteciam aquelas filas homéricas para emissão do novo passaporte brasileiro com 16 itens de segurança. A Polícia Federal atribuia as filas à coleta informatizada de dados biométricos, como impressões digitais e foto. Naquele mesmo dia preenchi o requerimento, paguei e me preparei para uma fria noite de inverno ao relento, na frente da sede da Polícia Federal, na Lapa. Cheguei por volta das 22 horas e não era o primeiro. Esses, haviam chegado por volta das 20 horas. Os ponteiros não andavam e, puta merda, como fez frio naquela madrugada. Teve de tudo. Gente querendo furar a fila, outros querendo comprar lugar, um filha da puta de um fotógrafo do Estadão que queria me fotografar. Cacete, já não bastava a humilhação de estar ali e o parasita do sofrimento alheio ainda queria estampar meu rosto em uma banca de jornal ou na Internet para todo mundo ver. A madrugada encerrou com a Kelly Varraschim ao vivo, no Bom Dia São Paulo, mostrando os primeiros "brasileiros" da noite anterior e a maratona a que a Polícia Federal nos sujeitava. "Brasileiros" define bem! Ah, eu fiquei meio de lado para não aparecer no telejornal matinal da Globo pq meu humor não era dos melhores, eu não havia me banhado ou me penteado e sequer escovado os dentes.
Uma semana depois eu estava embarcando. Se eu for contar aqui como a operadora conseguiu emitir e perder dois cartões de crédito internacionais no mesmo dia, poucas horas antes do embarque, não chego no 'mofongo' nunca. Deixa essa história para outro dia. Embarquei sem cartão de crédito internacional mesmo, com um punhado de dinheiro no bolso.
No aeroporto, me encontrei com o meu então outro chefe, o Jax Del Rock. Vc pensou que só pq é chefe tinha que ter nome de índio? Resolvi dar esse nome para ele e ponto final.
Durante as sete horas até o Panamá e mais as quase duas até a República Dominicana, eu traçava minha estratégia para driblar a falta do idioma espanhol. Era só falar em Inglês, oras. Todo mundo fala Inglês. Como a minha empresa era a coordenadora dos negócios na América Latina, os dominicanos que teriam a obrigação de falar em Inglês; e eu não precisaria falar Espanhol.
Pronto. Estratégia definida!
É necessário escrever aqui que eu tomei no furico legal? Acho que não...
Me senti um idiota mudo que compreendia levemente alguns dominicanos hablando Espanhol pelas palavras que soavam mais ou menos parecidas com sua definição em Português mas, na hora de falar qualquer coisa, nem que fosse um simples Muchas Gracias, a boca travava de um jeito que não gosto nem de lembrar. Nessa hora o Jax Del Rock era minha salvação e me livrou de umas poucas e boas. Ou seja, uma população inteirinha hablando Espanhol e o mundo não estava girando ao meu redor, como eu planejei durante o vôo. Foi muito mais humilhante que a fila da Polícia Federal pq, no mínimo, eu estava representando a minha empresa com uma esmerada incompetência. Que merda... só de lembrar me dóem o cérebro e as bolas...
Foram dois dias de muito trabalho e aplicação. Mas o muito trabalho durante o dia tinha suas compensações à noite. Conhecemos o Cigar Club Arturo Fuente, um clube de charuto com uma decoração lindíssima em madeiramento escuro e muito couro; um piano de cauda, negro, ao fundo; uma sala climatizada para os vinhos e outra com temperatura e humidade controladas repleta de charutos para todos os gostos e bolsos. Conheci um restaurante de cozinha mediterrânea chamado Scherezade com uma comida deliciosa que exalava muitos aromas. Fomos ao Hard Rock Café de Santo Domingo, no centro histórico da capital dominicana. No sábado, tínhamos a tarde livre e fomos ao Adrian Tropical, um restaurante típicamente dominicano na orla caribenha. Por ser um restaurante praiano, de cara, pensei que teria me fodido mais que na fila do consulado e no idioma espanhol juntos. Quem convive comigo sabe o quanto não gosto de peixes. Aliás, não consigo comer nada que nade e não foi por falta de tentar. Eu juro!!!
Nosso cicerone, Mr. Rumba (vou chamá-lo assim), fez algumas sugestões de pratos e bebidas típicas. Muitas palavras do idioma espanhol se parecem com suas similares na Língua Portuguesa. Mas, curiosamente, acho que nenhuma comida em espanhol se parece com porra nenhuma em Português. Ou seja, se "jiló" fosse uma palavra da Língua Espanhola, a sua tradução para o Português talvez fosse algo como "maçã assada", "macarronada ao sugo", shop suey com molho de alcaparras", "picanha do Fogo de Chão", "saltar de pára-quedas", "pegar o Metrô de Paris", "encoxar a mãe no tanque" ou qualquer coisa parecida com as anteriores, menos "rriloh". Eu rezei muito para Mr. Rumba não ter pedido peixe, frutos do mar ou para o garçon não trazer minha mãe para ser encoxada... Quando chegaram os pratos sugeridos tinha um muito parecido com um caldo de piranha ou de caranguejo, meio amarelo-dourado e encorpado. "Fodeu, fodeu, fodeu..." Contei até três e mandei uma colherada prá dentro!!!
Era um gosto como um caldo de capim com bambu verde moído. Ai, que sorte!!! Como tudinho, aliviado. O suco, era de limão com morango e melão. Esse era delicioso de verdade. Tomaria uma jarra inteira. O outro prato típico era idêntico ao quibe libanês vendido na região da 25 de Março. Uaaaaau!!! Comida dominicana é muito boooooa!!!
E o prato principal? Vamos ao cardápio:
Se vc, meu caro leitor, não domina a Língua Espanhola, dá um clique nesse cardápio acima e escolhe um prato, só de farra! Não se preocure. Lhe asseguro que vc não vai pular de pára-quedas e nem encoxar sua mãe no tanque.
Seis pessoas na mesa. Mr. Rumba sugere 'mofongo' como prato principal e quase todos aceitam. Finalmente Jax Del Rock se decide pela delícia caribenha e eu tb opto pelo 'mofongo'. Afinal, todo o restante do cardápio estava em russo ou grego e eu já havia aprendido a falar 'mofongo'.
Eis que surge uma cumbuca de madeira com uma pilha enorme de bananas da terra verdes e fritas com pequeninos pedaços de carne; um potinho do misterioso caldo de capim com bambu; um pote de pimenta com um pincelzinho e; uma cumbiquinha de carne de vaca frita com ervas. Olhei em volta e um bando de vorazes devoradores de 'mofongo' se deliciavam com aquela guloseima. Então parti para o ataque ao misterioso ser.
Coloquei um pouco no meu prato e logo na primeira garfada aquele outspace dos infernos começou a inchar na minha boca. Tenho certeza de que dei apenas uma garfada mas parecia que havia umas cinco garfadas socadas na minha boca. E o estranho ser se multiplicava no meu prato. Parecia aporte de matéria pois, ao mesmo tempo que o 'mofongo' desaparecia das demais pilhas ela surgia na minha frente.
Quando olhei para o lado o Jax Del Rock tb estava sendo atacado pelo seu 'mofongo' mutante. Bravamente, Jax misturava pimenta ao seu 'mofongo' para melhorar o gosto. Então comecei a misturar à minha pasta de bananas verdes o tal caldo de capim com bambu para ver se descia. Agora a pior parte: os outros quatro já haviam terminado e nos observavam...
Mais uns dez minutos e finalmente o Jax Del Rock desistiu do seu 'mofongo' e eu empurrei o meu para o centro da mesa antes mesmo que alguém olhasse para o último remanescente da batalha.
Caro leitor, posso lhe assegurar que, alguns dias depois dessa viagem, iniciei meu curso de Língua Espanhola.

Ah, se a descrição dessa iguaria dominicana lhe apeteceu,
então segue abaixo a receita de mofongo do chef Kevin Fabian, do Restaurante Bice - São Paulo.

Pernil pequeno de porco
Sal
Pimenta do reino
Ervas frescas
Alho moído
1 dúzia de bananas da terra verdes
Óleo para fritar as bananas


Temperar o pernil com sal, pimenta, tomilho, sálvia,orégano e alecrim. Colocar alho moído e vinagre e deixar marinar por uma hora.
Leve o pernil para assar em forno médio alto por uns 20 minutos e corte em fatias finas. Descasque as bananas, retire as pontas e corte em rodelas de uns 2 centímetros. Coloque a banana para fritar em óleo não muito quente, em fogo brando por aproximadamente 3 minutos. Retire as bananas escorrendo em uma escumadeira.
Coloque em um pilão 4 rodelas de banana, 1 colher de chá de alho moído e uma pitada de sal e processe. Repita esta operação até atingir a porção desejada. Arrume em uma tigela pequena uma parte da banana amassada, coloque fatias do pernil e cubra tudo com banana amassada, pressionando bem e em seguida vire no prato que vai servir. Guarneça com o molho que ficou na assadeira do pernil e decore com ervas frescas a gosto.

Buen apetito!!!

sábado, 25 de abril de 2009

09 - Eu não ia no show do The B-52s

Essa é a mais pura verdade: Eu não ia no show do The B-52s. 

Conheci e comecei a gostar dos "Bê-52", tb apelidados por aqui de "bife com chuchu", pelos idos de 1984. Nessa época, comprei todos os vinis lançados e acompanhava as parcas novidades pela Biss ou por uma ou outra revista de cifras que faziam pequenas introduções das bandas nas primeiras páginas. Eu garimpava essas informações, assim como as de outras bandas que gostava, nas bancas de revistas ou onde mais pudesse encontrá-las. Me tornara um fã - um outer space, como são chamados os fãs dos B's.

Em 1985 não pude ir ao Rock In Rio. Só tinha 15 anos. Fiquei frustrado. Fiz uma promessa de, um dia, ganhar um beijo da Cindy Wilson no rosto. Em verdade, as promessas eram duas: ganhar o beijo da vocalista loira do
"Bê-52" e cumprimentar Mark Mothersbaugh, vocalista míope da banda Devo. É "divo". E não "devo, não nego, pago quando puder". Cansei de ouvir essa piadinha.

Em 1989, mais do que cumprimentar Mark Mothersbaugh, eu conheci toda a banda, ganhei um botom do vocalista e fui convidado para subir no palco em uma das apresentações. Não, eu não dei uma da Katilce com Bono Vox. Longe disso. Fui convidado a marchar, em alinhamento com os membros da banda, durante uma música cujo solo era uma  longa batida militar. E não passou disso!!! Juro... juro mesmo!!!


Em 1999, The B-52s se apresentou no Brasil pela segunda vez. Se apresentaram na Hípica Paulista e eu estava lá. Algumas horas antes do show me encontrei com a banda... Kate, Fred, Keith... Mas Cindy não estava lá. Havia ganhado bebê naqueles dias e eu fiquei sem meu beijo. Todos os beijos que ela tinha para dar, naqueles meses, foram para o bebê... provavelmente!!!
O ano era 2009. Apesar de ser um fã extremado dessa banda da Georgia desde 1984, após uma análise fria, eu sei que esse show nunca deveria custar mais que um da Madonna ou do U2. Tá certo, é no Credicard Hall, casa pequena e com mais conforto que no Morumbi, ficamos mais próximo do palco etc etc. Mas não vale, cacete. O Credicard Hall, sabidamente, sempre usou desses expedientes de tortura para arrancar confissões de seus inimigos. Técnicas eficientes que têm conseguido segredos de segurança nacional... e tb grandes punhados de dinheiro de seus frequentadores. Isso, explicável pela demanda brasileira por bons espetáculos.  Além disso, em Porto Alegre, dois dias após, o mesmo show custaria uns 60% de São Paulo. No Chile, na mesma semana, custaria cerca de 40% de São Paulo. E o Chile é mais longe dos EUA que aqui... Isso, inexplicável.

Eu cheguei à conclusão de que não participaria dessa orgia monetária promovida pela famosa casa paulistana e ponto final. Kate, Fred, Cindy e Keith que me desculpem, mas não vai rolar!!! Ah, quanto a promessa feita nos 80's, nem me lembrava mais disso havia muito...

Noite de 16 de abril, menos de 48 horas para o show dos B's. Navegando pela comunidade da banda no orkut eu li um post solitário sobre uma promoção para concorrer a uma par de ingressos para os B's. Mais tarde, vi que o post continuava solitário e resolvi clicar no link sugerido, que levava ao site Vírgula. Uma pergunta. Uma perguntinha apenas. Uma resposta criativa seria suficiente para o par de ingressos. Nem precisaria ser a mais criativa de todas. Bastaria ficar entre as oito melhores.

O que vc faria para a sua festa ficar mais divertida que um show do The B-52s?
Quando eu li essa pergunta senti cheiro de tinta de impressão de ingressos ao meu alcance e não me perguntem o motivo dessa intuição. Mas eu senti sim!

"Minha Party Out Of Bounds teria 52 girls, Fred and Keith servindo Quiche Lorraine, kate e Cindy cantando Nude on The Moon caracterizadas e brindando a champanhe francesa."

Olha, se vc não achou a frase criativa foda-se pq eu ganhei o par de ingressos com ela!!!

Dia do show. Minha filha ficou sabendo que iríamos ao show e soltou:
- Oba! Adoro The B-52s!!!

Com oito anos, não poderia entrar no show com os pais. E nem havia um terceiro ingresso. Confesso que, nessa hora, bateu aquele famoso remorso paterno característico de alguma bobagem que falamos ou ato fora de hora que cometemos e que acabam atingindo a inocência dos filhos... Mesmo que não tenhamos culpa alguma por isso. E ainda fui eu quem a ensinou a gostar de várias coisas e bandas dos 80's e 90's. Como sair dessa agora?. E numa tentativa desesperada e injustificada de compensá-la um pouquinho pelo que não tinha culpa, propus à pequena ir ao hotel onde a banda estaria hospedada para lhe mostrar os quatro tiozões da Georgia. E ela topou! Todas as últimas bandas que se apresentaram em São Paulo se hospedaram no Hilton Morumbi e prá lá que nós fomos, meio na sorte.
Quando estiveram aqui em 1999, saíram do hotel para a passagem de som por volta das 15:00 e essa era uma informação relevante que estava guardada em minha memória. Enfim, fui juntando algumas peças, montando um quebra-cabeças daqueles comportamentais que fazem os agentes do FBI e, por volta das 14:00, eu já tinha todo o cenário estratégico de como encontraria a gigantesca banda na minúscula metrópole paulistana.

Juntei à câmera:
1. Um "capa amarela", o vinil debut da banda, de 1979;
2. O encarte de um CD de 1998 com os autógrafos de Fred, Keith e Kate, faltando apenas o de Cindy que estivera ausente do show de 1999 por ocasião do nascimento de seu segundo filho;
3. Uma camiseta oficial;
4. Uma caneta special-power-blast-rip-print-curl-jet-pro-surf-contest-brother-action preta já pilotada por Pelé, Mark Mothersbaugh e outros famosos em outras ocasiões;
5. Uma filha de oito anos.

A estratégia para descobrir se os B's estavam ou não no Hilton Morumbi.
Encostei o carro na frente do hotel e não havia quase ninguém, a não ser por um fã com camiseta do Motorhead portando algumas revistas para autografar, um casal com uma menininha de uns dois anos vestindo uma camisetinha do Motorhead e uma van. Certamente, era van de turnê pq tinha um insulfilm parecido com fita isolante. Mas consegui ver que o motorista dormia. Mas a van poderia ser do B's, mas também do Motorhead, que se apresentaria na mesma noite... ou do Calypso, do Zezé e Luciano... de qualquer um. No hotel, funcionários sempre simpáticos ao serem perguntados, afirmavam não saber de nenhuma banda "Bê-52" hospedada. Fiquei algum tempo conversando futilidades com a recepcionista prá tentar arrancar a informação mas ela não abriu. Nessa hora, o fã do Motorhead me disse que, fazia algum tempo, sairam daquela van estacionada uns "três tiozãos e mais umas tias velhas".
Desde minha chegada se passaram uns 15 minutos e eu já estava armando o Plano B para ir ao Credicard Hall. Minha filha estava encantada com o Hilton. Até queria se hospedar lá. Foi quando percebi que o motorista da van havia acordado e o vidro estava aberto. Tinha que ser incisivo senão esse motorista me enrolava. Encostei na porta e ele já ia fechando o vidro quando eu o enquadrei a Capitão Nascimento:
- Quem vc vai levar aí?
O cara emudeceu, pensou para responder, ia gaguejar mas fator surpresa é foda!!!
- Vou levar o "Bê-52".
- Sabe o horário?
O cara ia gaguejar de novo mas resolveu se entregar...
- Estou esperando mas ninguém me informou o horário. Mas eu sei que já estão prá sair, estou me preparando para levá-los...

Agradeci, voltei ao saguão e dei de cara com dois "avós velhos" na recepção: o Lemmy Kilmister e o Phil Campbell. Me perdoem os fãs do Motorhead,  mas eu estava lá pelos B's e cometi a heresia de nem me importar com a presença deles ali, ao vivo e a cores, na minha frente. E foi a minha atitude de sorte pq, em minutos, os B's começaram a surgir na recepção, um a um.

Fred nos atendeu prontamente, foi muito atencioso mas não se alongou muito. Keith atendeu sorridente e simpático, foi mais atencioso ainda, riu das piadas sem graça que fiz, fez perguntas sobre minha filha. Quando me virei para o outro lado, Cindy chegou sorrindo  e veio rebolando, espalhafatosa, em minha direção. Me deu um branco nessa hora. Esqueci seu nome e a chamei de "Wooow". Ela perguntou da minha filha, autografou o album faltante, contou de seus dois filhos. Veio um branco maior, faltou assunto e, do nada, me veio à mente e eu soltei que tinha feito uma promessa na adolescência. E contei a ela qual era a promessa. E ela me deu um beijo no rosto.
- Espere... eu disse.
- O que? Não queria o beijo?
- Sim. Mas preciso fotografar para mostrar para meus amigos daquela época.
Ela riu, achou divertido, esperou minha filha apontar a máquina e perguntou se podia. E deu o segundo beijo, esse da foto.
Saiu, se despediu novamente quando estava na porta.


Então Kate chegou apressada. Estava atrasada e se incomodou um pouquinho com a minha abordagem. Mas o tour manager a tranquilizou e disse que estava tudo bem, que estavam no horário. Ela relaxou, tb perguntou da minha filha etc. A minha cara de pau voltou e eu pedi a ela um A-Pass para o backstage. Ela se virou para o Tour Manager: 
- Ele vai conseguir para vc. E se despediu. O Tour Manager pediu meu nome e o da minha esposa, disse que não prometeria conseguir, mas prometeria tentar. Eu agradeci e assim foi.

Desde 18 de abril de 2009 os integrantes dos B's passariam a ser: Fred, Kate, Keith e Wooow.

Hora do show. Minha esposa e eu fomos ao guichê de convidados retirar os ingressos e os A-Pass para o backstage: duas pulseirinhas verde-amareladas que davam o direito de ir ao camarim da banda após a apresentação.
Havia um palco limpo, sem muitos recursos tecnológicos. Mas os The B-52s fizeram um show inesquecível. No backstage, após a apresentação, veio a Kate e ficou algum tempo com todos os cerca de dez fãs privilegiados que estavam por lá. Keith apareceu e saiu rapidamente. E Sterling Campbell, o baterista contratado, ficou por lá mais algum tempo.
Naquela noite, retornamos para casa com uma certeza.

Puta que pariu, eu sou mesmo cagado prá caralho, eh, eh, eh, eh!!!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

08 - Características, vantagens e benefícios da Loctite


Loctite cola uma pessoa de cabeça para baixo. Você pode colar a sua sogra, o seu chefe, aquele seu vizinho barulhento, o Marcos Valério, o George Bush. Na verdade, só estou procurando um benefício razoável para justificar colar uma pessoa de cabeça para baixo e, assim, justificar o emprego dos marketeiros e idealizadores da prova do BBB9 que acabou de acabar. Senão, onde mais conseguirão ganhar rios de dinheiro tendo idéias esdruxúlas como essas? Qualquer estudante de publicidade e propaganda primeiro anista já aprendeu que uma boa idéia se vende a partir do seu benefício oferecido. E o que é um benefício? Vamos lá ao pai dos burros:

benefício[Do lat. beneficiu.] Substantivo masculino. 1.Serviço ou bem que se faz gratuitamente; favor, mercê, graça. 2.Vantagem, ganho, proveito. [Sin. bras. e ant. (nessas acepç.): benfeitoria. Antôn.: malefício (1).] 3.Espetáculo cuja renda reverte em favor de algum artista da companhia, ou de outra pessoa, ou de uma instituição: “Artur Azevedo .... estava sempre solidário com todas as festividades teatrais e ‘benefícios’ destinados a angariar fundos para a libertação de escravos.” (R. Magalhães Júnior, Artur Azevedo e Sua Época, p. 122.) 4.Melhoramento; benfeitoria. 5.Direito conferido a alguém. 6.Auxílio monetário, por força de legislação social. 7.Ecles. Cargo eclesiástico, na Igreja Católica Apostólica Romana, ao qual se anexa o uso ou fruição de um bem.

Para se vender uma idéia ou produto a publicidade se vale da definição 4: Melhoramento; benfeitoria.

Voltando à prova do BBB9. Montaram uma parafernália monstruosa à Sticky and Sweet Tour que consumiu um tempo precisoso ao vivo, sem o recurso daquelas edições que fazem as festas de seis ou sete ficarem divertidíssimas e encantadoras, usaram o recurso de vários técnicos e contra-regras (como será que se escreve essa palavra agora depois da mudança ortográfica?), luzes, muitas câmeras e diabo a quatro Essa expressão, lá dos 70's, conta com uma variante 'diabo a sete'. Mas o que será que significa 'diabo a quatro, sete, nove, 15, 21' mesmo? Algumas expressões fazem pouco sentido, não é verdade? Sendo assim, 'diabo a qualquer número' é perfeita para se utilizar nesse texto pq a Loctite está fazendo por merecer a moldes de aluna aplicada.

Voltando à turnê da Madonna... Ops, à prova do BBB9. Tudo ali ao vivo e os nossos contra-regras e técnicos correndo para amarrar nossos quatro participantes, sendo um por vez, a um super tênis previamente preparado e fixado a uma placa de acrílico; a placa de acrílico era fixada a uma outra placa de madeira; essa placa de madeira era fixada a um chassi metálico que era fixado a cabos de segurança. Os participantes usavam um macacão resistente e um capacete; eram amarrados a um cinturão de segurança super robusto com vários mosquetões fixados a cabos que estavam fixados ao chassi que fixava a madeira que fixava a placa de acrílico que fixava as botas que fixava o participante que fixava um tubo de cola gigante que não fixava ninguém... pq era mock-up e só servia para ser arremessado no alvo pelo participante que seria solto na tirolesa de 12 metros de altura. A prova, super criativa, consistia em soltar o participante de cabeça para baixo, em tirolesa, a 12 metros de altura, colado pelos pés. O participante deveria passar por um alvo no chão e soltar um tubo gigante de Loctite durante a descida. Ganhava que deixasse o tubo cair mais próximo do centro do alvo.
Ah, vc acho tudo isso complicado demais? Então imagine para quem estava assistindo, ao vivo, com o Bial inventando o que falar pq a Loctite, por mais rápida que seja, tem um tempo mínimo de cura - ainda mais quando temos que pendurar uma pessoa diferente dos citados no início desse texto. E os pobres participantes... escorriam lágrimas de sofrimento e medo flagradas em close de HDTV para quem quisesse ver.

Onde quero chegar?

Características:

A Loctite bateu seu recorde ao sustentar cinco toneladas; É produzida a partir do cianoacrilato e adere instantaneamente a diversas superfícies. Deve ser manuseada com cuidado pois causa irritação olfativa e nos olhos.

Vantagens:

Tem mais poder de adesão que as demais colas e utiliza menos tempo para atingir a cura e permitir o manuseio dos objetos colados.

E finalmente, benefícios. Vc lembra que o benefício é quem vendo o produto. É a chave do sucesso na publicidade e propaganda. É aquilo que encanta o cliente e o faz decidir pela compra. É o fatality dos convencimentos. Então vamos lá.

Benefícios:

Maior rapidez; mais eficaz; durabilidade superior; traz economia para seu tempo e o seu bolso. Puta que pariu, Loctite é ducaralho!!! Cola até coração!!!

Sentiram a diferença?

Só que essa noite o BBB9 e seus marketeiros preferiram associar o produto ao choro, ao medo, o limitando às suas características técnicas, com muitos profissionais de cena executando procedimentos demorados, com um ao vivo cansativo, nervoso, tenso. Até a primeira descida de tirolesa se passaram muuuuuuitos minutos. Talvez uns quinze, não marquei o tempo.

Em seguida, entrou um intervalo comercial. Ah esse intervalo... deve ter sobrado caco de cu prá todo lado. Foi um intervalo longo e, na volta, todos pareciam mais agitados ainda para ganhar tempo... ou melhor: recuperar tempo. Agora os participantes eram empurrados escada acima e havia um mutirão grudando BBBers em placas de acrílico, pedestais de madeira. Pareciam soldadinhos de Forte Apache entrando na fila de abate da Swift Armour para virarem "carne de latinha'. Lembram disso? Era aquela latinha que vinha com uma chavinha na lateral a e gente ia enrolando uma tira de flandres para abrir a lata com a carne misteriosa feita de sei-lá-o-que de boi. Vinha com um brinde: uma capa de gordura mole de 2 cm mas era uma deliiiiiiiiiícia (a carne misteriosa). A mais nojenta, esquerosa e politicamente incorreta das 'delícias' da minha infância. E a mãe, ficava com o dedo cortado se bobeasse pq aquela tirinha de flandres cortava mais que faca Ginsu.

Bem, se o Bial tinha que inventar o que falar para fazer passar o tempo pq eu não posso ficar inventando o que escrever para prender vc no Rato Elétrico, caro leitor?

Vamos voltar à prova do abatedouro: chegou a vez da última participante. Ela estava quase tendo uma síncope ao vivo para todo o Brasil e países recebedores do sinal da Globo ao redor do mundo, com expressão de extremo sofrimento, muitas lágrimas e declarações de pânico em alto e bom tom quando o Bial intima com crueza: "Vc tem dez segundo para decidir se vai ou se desiste". E a vítima, como se em um último suspiro, consentiu a finalização da prova. E o BBB9 acabou. E deve ter rolado mais uma sessão de caco de cu...

Poucos leitores queridos, o que nossas universidades estão formando?

Finalizo com um slogan igualmente malgostoso:

Essa idéia não colou!!!