terça-feira, 1 de janeiro de 2019

27 - Saga do desenho do rato Rato

Sandokan é um personagem criado pelo escritor italiano Emilio Salgari. É o herói de uma série de onze aventuras tendo aparecido pela primeira vez em 1883. Sandokan é um pirata do século XIX que combate o Império Britânico e a Companhia das Índias, sendo conhecido nos Mares do Sul como o "Tigre da Malásia".
Nos 70's foi feita uma série de seis episódios e alguma emissora brasileira, na minha infância, exibiu esses episódios bem no início dos 80's aqui no Brasil. Era tão legal na época, que depois disso era Sandokan prá cá, Sandokan prá lá e tudo era Sandokan. Até o meu melhor amigo, o Sandro, virou Sandrokan. Eu não conseguia mais chamar o Sandro pelo seu nome de batismo. A partir daquele momento fora rebatizado de Sandrokan. Curiosamente e, em função da nossa amizade, acabei me tornando Fabiokan. Convenhamos, Fabiokan era um apelidozinho totalmente fora de contexto, mas dadas as circunstâncias, nos tornamos Sandrokan e Fabiokan. Até uma assinatura nós criamos: KAN. Apenas KAN, pois servia tanto para Sandrokan como para Fabiokan.
Havia sempre o ano corrente abaixo da assinatura. Isso começou em 1981 e foi até 1983, quando nos formamos no ginásio e foi cada um prá um lado. Na escola que estudamos havia desses KAN pequenininhos nas nossas carteiras, na porta do banheiro, na quadra, em algumas paredes da escola e até mesmo fora dela. KAN ficou famoso entre nossa turma e alguns amigos também queriam se tornar KAN, mas só haviam dois membros nesse poderoso clã: o Sandrokan e o Fabiokan.

1984: ano que comecei no SENAI da Mercedes-Benz. Éramos um grande grupo de 60 alunos no nosso termo (ou semestre). A cada seis meses 60 novos alunos começavam e, simultaneamente, éramos cerca de uns 300 alunos na instituição.
Logo na primeira semana o Capivara me chamou de Rato. Capivara não era assim um, digamos, um apelido bonito. Mas isso não me fez feliz ou conformado por ter sido chamado de Rato. Como é sabido mundialmente, quando vc não gosta de um apelido o dito cujo gruda para sempre. E assim tem sido nos últimos 35 anos.
Eu não queria ser Rato. Eu era um KAN. Eu era o Fabiokan.
Não teve jeito e tampouco acordo. Me tornara Rato. E como tal eu não iria mais usar a assinatura KAN; àquela altura o Sandro que me desculpasse, mas a partir daquele momento eu seguiria outros rumos apelidamente falando. E elaborei uma outra assinatura, algo fundamental na vida de um adolescente, um xixi no poste da sociedade:
Esse pequeno camundongo seria a assinatura substituta do KAN. Por algum tempo foi assim que assinei o canto dos cadernos, as carteiras da ETE Lauro Gomes e mais o que aparecesse na minha frente pedindo para ser mij... assinado.
Um dia, como tudo na vida, o ratinho evoluiu e assim ganhou uma toca, bem parecida com @:
Agora nosso amigo já tinha casa própria e assim ele ficou na sua pequena zona de conforto por alguns anos.

Já caminhando para o final dos 80's, decidi que iria fazer aulas de Alemão. Alemão é um idioma meio complexo de se aprender não sendo nativo-saxônico, mas era a tendência na empresa naquela época. Ninguém pensava no Inglês como segunda língua, mas sempre no idioma da Germânia. Por deficiências cognitivas eu não consegui aprender o idioma nos três meses em que me aventurei no Centro Social Heliodor Hesse
, a não ser por uma única frase que não esqueci até hoje: Der Verkäufer verkauft milch. E antes que me pergunte, vou deixá-los curiosos quanto ao significado.
Nessa fase, eu comprava algumas revistas importadas em língua alemã para ajudar nas aulas. Eram revistas muito bem impressas, com qualidade superior às nacionais e só podiam ser encontradas em bancas especializadas. Em uma dessas revistas, que falava da eminência da queda do muro de Berlin, havia uma foto que me chamou a atenção:
Reparem o grafite do camundongo com as longas pernas, como um pernilongo. Uma característica dos grafites do grande muro era a grande quantidade de grafites de ratos, muitos Mickey Mouse e palavras de ordem. Também foi nessas fotos que vi os primeiros grafites feitos com máscaras de cartolina, com desenhos mais definidos e menos amorfos que os grafites brasileiros que enfeiavam o centro da cidade de São Paulo e toda a extensão da Avenida Brasil, no Rio de janeiro. Naquelas fotos haviam embriões do que conhecemos hoje como arte urbana.
Achei isso tão legal e queria que meu pequeno rato cotó tivesse longas e esguias pernas como seu irmão germânico. Eis o resultado:
E se faltou resultado estético para essa primeira versão longuilínea, logo essa se transformou em algo mais parecido com o que é nosso amiguinho nos dias de hoje:
Essa tradução do brother roedor é a que ganhou o mundo, conheceu os Beatles, cantou com a Lady Di, jantou com a Madonna e até participou de um videoclipe com o Michael Jackson.
Uma noite de sábado em que não havia nada para fazer eu tomei uma caixa de lápis pasteis, daquelas que os designers usam sobre papel vergê, e fiz a primeira versão melhor acabada no meu amigo. Reparem, que por uma distração minha, ele acabou ficando sem bigodes. Onde já se viu rato sem bigodes?
No ano seguinte, ao completar um quarto de século de existência, ganhei um prato pintado e queimado por uma artesã que tinha muita habilidade em reproduzir imagens em peças cerâmicas. E imagem que servira de modelo fora justamente a imagem feita no sábado ocioso. O meu presente ou homenagem continha um rato, adivinhem... sem bigodes kkkkkk
Se você, caro leitor, por um único instante teve curiosidade em saber o nome desse rato, saiba que ele se chama Rato, simplesmente Rato. Nem sobrenome o pobre possui. É o rato Rato e ponto final.
Essa criatura nunca teve um emprego fixo e, dentre várias atividades, praticou artes marciais em 1999:
Sempre com sua cara de rato tarado, sarcástico e debochado, passou para o Século XXI com esse jeitão aqui, saltitante e com rabicho de mola:
Quando a situação ficou mais difícil, durante as recentes crises pelas quais o Brasil passou, nos idos dos 10's, acabou fazendo uns bicos como papel de parede de Windows:

Além de agora possuir bandagens nas costas, pq se tornou um rato meio surradinho de tanto aprontar, em seus mais recentes releases o rabo passou a indicar o seu, digamos, melhor amigo escondido. Quando o rabinho do rato está ereto... bem, acho que vcs já entenderam o significado.
Nunca podemos nos esquecer que esse rato é um apaixonado por um esporte que não é muito comum de ser praticado por roedores. Na internet é muito mais comum ver bulldogs skatistas do que hamsters, chinchilas ou camundongos, mas ele gosta muito e até dá um caldo quando pratica:
Atualmente o Rato já é um senhor. E como todo senhor, além das já citadas bandagens nas costas, possui pelos nas orelhas. O Rato é uma assinatura rápida. Deve ser feita em poucos segundos e nunca sai igual à anterior; tampouco será igual às próximas. Mas é algo divertido de fazer. Ele surge num canto do bloco de notas enquanto se aguarda o interlocutor ao telefone, por exemplo. Algumas pessoas fazem rabiscos diversos, setas, molas, caracóis, jogos da velha e tudo mais que a imaginação permite. Eu faço tudo isso e maios o amigo Rato.

E pq ele nunca foi desenhado olhando para a direita? Pq está sempre apontado para a esquerda?
Simples: ele não é um personagem de quadrinhos, como a Graúna ou o Bob Cuspe. Ele é apenas e tão somente uma assinatura. Algumas vezes vai um pouco além disso nas suas formas mais rebuscadas, como se fosse o alter ego do autor, mas sua evolução não vai muito além disso. Pergunto se vc escreve seu nome ao contrário ou assina invertido nos documentos? Então, com o Rato é a mesma coisa!!!

Assinado:
 :-)

sábado, 1 de julho de 2017

26 - Festival de Balões da Turma do Campo Grande


Recentemente ouvi falar que o Foto Wada, no Bairro do Ipiranga, em São Paulo, ainda revela fotos a partir de negativos de máquinas fotográficas clássicas. O Foto Wada foi o ponto de encontro de baloeiros nos 80's, quando a atividade não era considerada criminosa. Os apelidados balógrafos, ou fotógrafos especializados em balões, deixavam os negativos à disposição da loja e baloeiros da Grande São Paulo iam até o local, escolhiam as fotografias mais bonitas e saíam com um punhado de cópias em papel dos aerostatos coloridos e iluminados, capturados por lentes especiais dos poucos fotógrafos que dominavam essa arte, naqueles tempos. Os mais conhecidos eram o Baranauskas, o Tati, o Eud e a Marília. O fato é que essas pessoas eram as responsáveis pela divulgação e disseminação de tudo que ocorria nos festivais e nas solturas desses enormes artefatos coloridos. Não conseguíamos tirar boas fotos com nossas amadoras Yashica MD135, MF3 etc, então a presença de um desses balógrafos nesses festivais era certeza de boas fotos do evento dali uma ou duas semanas. Era só aparecer no Foto Wada e escolher aquelas que mais nos agradassem ou que, com alguma sorte, tivessem nos mostrado num cantinho apinhado de gente, ao fundo da imagem. Pessoalmente, eu conhecia apenas o Baranauskas. Do Eud, do Tati ou da Marília, só tinha ouvido falar.

Ano de 1988, aconteceria o segundo Festival de Balões da Turma do Campo Grande, no Clube dos Aliados, no Rio de Janeiro. O de 1987 havia sido um sucesso e eu me planejei para ir no ano seguinte. A predominância de participantes e visitantes era de baloeiros cariocas, mas sempre tinha a chance de um ou outro paulista aparecer por lá. Era o meu caso. Esse cenário tornaria mais difícil que um dos nossos balógrafos estivesse presente no evento e, por conseguinte, que eu encontrasse fotos do festival no Foto Wada, dali uma ou duas semanas. Eu teria que registrar tudo na minha memória e guardar as imagens na lembrança.

O Clube dos Aliados era em um local afastado de Campo Grande, subúrbio carioca, e ficava a uns 50 km da Rodoviária Novo Rio, no centro da capital fluminense. Fomos em quatro amigos e tivemos que pegar dois ou três ônibus coletivos para chegar ao evento. O local era em uma estrada com poucas casas e não havia onde se hospedar nas proximidades. Nosso plano era assistir à soltura dos balões noturnos, que normalmente iam até três ou quatro da madrugada, depois emendar com a soltura dos diurnos, até umas oito da manhã, e em seguida tomar o caminho para casa, numa saga inversa à feita no dia anterior. Não precisa me dizer que isso era um programa de índio. Na verdade, era um programa de uma tribo inteira, mas eu achava legal na época. Era uma aventura para contar para os colegas baloeiros paulistas, que não quiseram participar da empreitada para conhecer e testemunhar o festival mais famoso dos baloeiros cariocas.

Ia tudo bem naquela noite, todos se preparavam para a soltura dos aerostatos multi coloridos com temas variados, geométricos, paisagens, motivos diversos, todos enfeitados com lanterninhas de papel iluminadas com tocos de velas, já que fogos eram proibidos em festivais por segurança, devido à concentração de pessoas. Então o tempo virou, começou a soprar um vento gelado e o céu se encheu de nuvens. Caiu até uma chuva rápida, que fez com que todos se recolhessem para a quadra do clube, para se abrigarem do mau tempo e mesmo para tirarem algumas horinhas de sono até o amanhecer, sempre na esperança de um dia ensolarado e sem vento. O meu programa de índio já estava começando a precisar da FUNAI para administrar, estava tomando volume. Eu não tinha sono e, para todo canto que eu olhava, gente encostada e dormindo com uma facilidade impressionante, facilidade que nunca tive para pegar no sono. Não bastasse não ter fotos da minha aventura no Foto Wada, agora estava arriscado a não ter nem a aventura.

Olhei num canto e havia um pequeno grupo conversando. Umas cinco eu seis pessoas. Fiquei os observando alguns instantes, quando fui convidado a fazer parte da pequena reunião. Eram paulistas e um deles, que conversava com uma mulher, foi muito atencioso e conversamos algumas horas ali sobre... balões, claro! Ah, falamos também da nossa frustração pela noite de tempo ruim. Eu sabia que o Baranauskas não iria para o festival, então perguntei ao rapaz se o Eud estaria no festival. O rapaz respondeu que a Marília estaria. Perguntei "e sobre o Eud?" e ele apenas me confirmou a Marília. E assim, de prosa em prosa, já iam umas duas ou três da manhã. Foi quando o rapaz desembrulhou um pacote e havia um pequeno balão trazido de São Paulo para o festival. Ele iria confeccionar a "antena" da bandeira para ficar tudo pronto para a soltura matinal, caso o tempo melhorasse. Antenas são armações feitas de cana brava, ou flecha de ubá ou simplesmente "pau flechi", como os baloeiros costumavam dizer. A essas armações são fixadas a bandeira e longos cabrestos de barbantes resistentes. A antena mantém a bandeira aberta e faz a conexão dos cabrestos ao balão. Geralmente são como uma armação de pipa, só que longas, podendo chegar a oito ou dez metros. Podem ter variações de formatos, serem triangulares, trançadas. Enfim, cada baloeiro sabia fazer do seu jeito e eram como uma assinatura.
Me ofereci para a confecção da antena, a partir de um maço de flechas de ubá que ela havia trazido de São Paulo. Insisti mais um pouco e ele concordou. Enquanto ele finalizava alguns adereços faltantes em seu pequeno balão eu fui confeccionando a antena sobre a bandeira dobrada. As bandeiras são sempre um mistério, pois são confeccionadas por ampliação de uma imagem e só sabemos se deram certo na hora da soltura, quando se abrem em cores debaixo do enorme balão que as iça ao alto. Ele sempre dava umas espiadelas de canto de olho se eu estava fazendo o trabalho da antena bem feito e, tendo adquirido confiança no que viu, me deixou à vontade e continuou seu trabalho. Os demais foram dormir. Terminei meu artesanato e ele, por fim, ficou contente com a minha "assinatura" e até teceu elogios. Já começava a clarear e eu fui para o campo de solturas. Ao contrário da noite, fazia uma manhã excelente de tempo bom. Antes de sair, confirmei com ele "se ele sabia se o Eud estaria no festival" (risos). Deixei-o lá com seu balão, seus amigos acordaram e eles dariam conta da soltura.

Cheguei no campo, muito maçaricos já sopravam ar quente e diversas formas coloridas sobressaltavam aos olhos. Era bonito de se ver, tal era o colorido e a criatividade. Tinha um pequeno palco onde o Wagner, organizador do festival, fazia a narração da soltura, quando os primeiros balões começavam a deixar o chão para ganhar o céu azul. Ele narrava cada balão, sua composição, o tema, o nome da turma e, como conhecia a maioria dos participantes, o nome do responsável pela turma, quase sempre um amigo seu de longa data. Foi quando anunciou o balão carrapeta amarelo com a bandeira de palhacinho, de seu amigo Eud de São Paulo. Isso me chamou atenção, pois se o Eud estava lá, dali alguns dias eu poderia procurar as fotos do festival em São Paulo. Fiquei olhando para o céu procurando o balão da bandeira do palhacinho, do Eud, quando o encontrei e reparei que sua bandeira era içada pela antena que eu havia confeccionado naquela madrugada.

Poooowta que paaaaaareeeeeo!!! Não é possível que eu tenha pagado um mico desses, perguntado para o próprio Eud se ele estaria no festival. Qual seria a probabilidade daquilo acontecer?!

Fui ao encontro do rapaz e perguntei, a queima roupa: "Você é o Eud?" Ele riu, esticou a mão e respondeu: "Muito prazer, Eud!" Em seguida, me tranquilizou: "Não se preocupe, muita gente me conhece pelas fotos dos balões, mas não me conhece pessoalmente. Já estou acostumado". Em seguida, saiu me apresentando para seus amigos baloeiros como a pessoa que fez a antena do balão dele.

Naquele festival, nem o Eud e nem ninguém levou fotos para São Paulo. Só tenho guardadas na lembrança as imagens daquele final de semana. Encontrei o Eud em São Paulo em mais algumas solturas e ele sempre fez questão de demonstrar a gratidão pela ajuda prestada no Rio de janeiro, me apresentando a outros baloeiros e elogiando o trabalho. Pouco tempo depois soltar balões se tornou uma contravenção e eu parei completamente de frequentar as solturas e a atividade. Conservei alguns poucos amigos daqueles tempos. Em 1998 soltar balões foi criminalizado. O Baranauskas e o Eud não estão mais entre nós.

Moral da história: se em vez de eu ir para o Clube dos Aliados naquele final de semana, eu tivesse jogado na Mega Sena, talvez eu estivesse escrevendo esse texto lá de Paris!!!

quarta-feira, 5 de abril de 2017

25 - Branca, a dona de todas as cores

Branca, a soma de todas as cores, a dona de todas as cores, a cor mais afortunada. Se essa cor pudesse ser representada por um animal que representasse a sua intensidade, qual fera o meu Caro Leitor sugeriria?
Assim como a fonte branca que permite ao Caro Leitor interpretar esta página, a leoa no fundo negro igualmente se destaca. É como uma fonte Bold lhe encarando lá do topo da cadeia alimentar das cores, pronta para lhe devorar.

Segundo o Wikipedia, "branca é a junção de todas as cores do espectro de cores. É definida como 'a cor da luz'. É a cor que reflete todos os raios luminosos, não absorvendo nenhum e por isso aparecendo como clareza máxima. O Código hexadecimal para a cor branca pura é #FFFFFF."

Essa cor branca na sua tela, seja do smartphone, tablet, notebook ou TV, significa que as três cores de pixels que a compõem, vermelho, verde e azul ou simplesmente RGB em inglês, receberam uma quantidade de luz tão intensa que conseguiu gerar na sua visão o efeito da cor branca que dilata as suas pupilas.

Eba! Então vamos todos misturar as cores para fazer cor branca na parede de casa para a mamãe ficar bem feliz!
Resultado de imagem para criança suja de tinta
Xiiiiii, tô ferrado. Isso não deu muito certo!

A cor branca é para ser admirada, mas não pode tocada. Se puder tocá-la é porque não é a cor certa. Tem misturas ou nuances de outras cores impuras, ordinárias e maculadas, de vários nomes e apelidos. Sendo a cor da luz, que reflete todos os raios luminosos e não absorve nada, a branca é intocável, a soma de todas as cores, a dona de todas as cores, a cor que não posso pegar.

sábado, 1 de abril de 2017

24 - Anos 80 ou 08 anos

Quando falo dos anos 80 me lembro dessa divertida campanha da Delta Airlines. Vc consegue identificar quantos elementos e referências no video abaixo:
 
Caro Leitor, certamente este não é seu primeiro contato com a tecnologia no dia de hoje. Caso você não seja um ponto fora da curva, antes de iniciar esta leitura você já acessou sua conta do Facebook, Instagram, Twitter, Snapchat, Viper, Messenger, Whatsapp. Aliás, como esse blog não é conhecido, você só chegou a ele através da indicação de algum contato virtual via Messenger, Whatsapp ou estava procurando alguma outra coisa no Google e o Rato Elétrico apareceu nos resultados. Acertei?

Como eu sei disso? Simples: porque a tecnologia presente no nosso dia a dia é algo fantástico. Se estivéssemos em qualquer outra época anterior a algumas décadas, o único local em que este blog poderia ser encontrado seria no fundo empoeirado de alguma biblioteca, cujas possibilidades reais de ser visto atrás das Barsa, Delta Larousse, Conhecer, Jorge Amado, Carlos Drummond, Gabriel Garcia, de algum livrinho da Ática ou de quaisquer outras publicações da época seria zero vírgula zero por cento.

Resolvi escrever este post depois de ter recebido, via redes sociais, um vídeo de um locutor que cita o texto de Maro Mannes, "Todos Nascidos Antes de 1986". O autor Maro Mannes escreveu um paralelo entre os 80's e a atualidade, citando fatos como beber água de mangueira, consumir calorias sem engordar, compartilhar produtos pessoais, brinquedos supostamente perigosos, contraponto não haver tecnologia à disposição, nem TV a cabo, celulares, computadores, DVDs etc, o que faria com que a vida fosse melhor nos anos 80 e não nos dias de hoje.

Tenho algumas considerações, Caro Leitor. Brincar de cubo mágico, pião ou io-iô não pode ser melhor do que jogar XBox 360 com Kinect; telefone discado e com fio não deve ser mais legal do que smartphone; comer a mortadela pendurada fora do freezer a meses, escorrendo gordura e sem data de validade não se compara aos Fatiados Sadia que não grudam as fatias, assim como o Ultravox é mais simplório do que o Kings Of Leon e a Brasília é bem menos potente e silenciosa que um Fox. Digo mais: o modo de vida idolatrado pelos saudosistas dos 80's ainda resiste nas comunidades da periferia, como brincar na rua, conversar entre vizinhos até tarde da noite, subir em muros, beber água na torneira, compartilhar objetos pessoais. Qualquer um desses saudosistas, que moram nas grandes metrópoles, no conforto dos seus apartamentos tecnológicos, estão convidados a voltar 30 anos no tempo e trocar tudo isso pela vida oitentista em qualquer uma dessas comunidades. E ainda ganha o direito de se vangloriar pq "isso é que é infância de verdade". O jogador Adriano teve coragem de voltar esses 30 anos no tempo, mas essa coragem é questionável e para poucos.

Essa década é tão idolatrada por saudosistas porque foi nos 80's, até meados dos 90's, que tinham 8 ou 10 anos de idade, uma fase de brincadeiras e diversão despretensiosa. Além disso, a chamada Geração X era a que brincava com os irmãos, que tinha o colo da mãe por perto, que tinha o contato no olho por olho, a que convivia em família e como família. É a geração da transição entre o analógico e a tecnologia digital, mas é também a última geração que conviveu com irmãos, segundo dados do IBGE.


Passados 30 anos cada um foi para um lado, seguiu sua vida, se mudou para outra cidade, outro estado. Ninguém sente saudades do cubo mágico, do Kichute que machucava os pés, do Ki-Suco ou Q-Refresco que manchavam a língua, do Genius ou do Atari. Os irmãos sentem é saudades de disputarem horas na frente da TV, de ficarem memorizando cores no disco voador sonoro e colorido, de formarem times de futebol na quadra ou na rua, de darem uma bica na bunda do outro e de apanharem de chinelo da mãe. Como essas sensações são quase sempre intangíveis, faz-se a comparação com o que se pode encontrar na internet: o Merthiolate que ardia, o carrinho de rolimã, a Sukita ruim prá cacete, o chiclete Ping Pong que era uma barra dura de corante, TV com chuviscos, Gol a ar, pasta Kolynos que manchava de branco, desodorante Avanço fedido, produtos vencidos de supermercados etc.

Aí surge um paradoxo: se não fosse a tecnologia da internet e os seus suportes, como iPhones, smartphones, tablets, iPads, notebooks etc, bem como os respectivos aplicativos e mecanismos inteligentes de busca, esses objetos retrôs não seriam resgatados e disseminados como os objetos mais legais do universo de todos os tempos e estaríamos dando graças a Deus terem evoluído ou não existidos mais. Ponto para a tecnologia novamente.

Outro desafio: Quem dos saudosistas não gostaria de ter a árvore para subir na rua da sua casa para ficar sentado no galho olhando o Facebook pelo smartphone, depois tirar uma selfie para mostrar aos amigos? E quem não gostaria de ir ao Madero ou Outback em vez de comer pastel com carne grudenta e caldo de cana do lado de uma tonelada de bagaços com moscas? Coloque um punhado de bolinhas de gude, piões, bonecas Susi, elásticos de pular, cubos mágicos, dominós, um Pinote e um Pega-Varetas e tente negociar todos esses objetos com o iPad do seu vizinho de 10 anos.

A grande mudança que ocorreu, de verdade, foi na estrutura das famílias. Estão mais enxutas e ausentes porque os pais, quando ainda estão casados, precisam ganhar dinheiro para suprir as demandas da vida moderna. Já escrevi sobre isso faz alguns anos. Aqui encontramos mais um paradoxo e outra discussão para um outro post, que é o fato de querermos mais e mais para sobrevivermos em um isolamento maior, com tecnologias melhores. Não são os objetos antigos que eram mais legais, eram as famílias.

Lembre-se: ler esse texto só foi possível graças a muita tecnologia e você não teria feito isso 30 anos atrás.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

22 - Sacolinhas Plásticas

Em 29 de janeiro último, iniciei um comentário no FaceBook:
"Se os mercados estão mesmo preocupados com o meio ambiente então parem de encher o meu portão com seus jornalecos de propaganda que consomem muitas árvores de cada vez, sujam as ruas, entopem os bueiros, ocupam espaço no meu lixo de sacos plásticos comprados com meu dinheiro!!!"
Me lembro bem, na infância nos 70's, como era carregar cinco pãezinhos equilibrados em forma de pirâmide, acomodados em uma folha de papel fino e quase transparente, fechada por dois nozinhos torcidos nas pontas; trazer pelo biquinho do saquinho o litro de leite lambecado e fedido; carregar meia dúzia de ovos no saco de papel grosso, misturado com serragem para não quebrar nenhum. A garrafa de guaraná era feita de vidro e continha apenas um litro. Doces, a gente comprava um por vez - mesmo que algumas vezes durante o dia. Os mercados distribuíam caixas de papelão ou sacos de papel para acondicionar as compras que eram, quase sempre, mensais. Na feira, sacolas de nylon coloridas ou de lona, verdes.
Com os anos foram surgindo os mercados maiores e então os supermercados, como conhecemos. Estes passaram a distribuir, gratuitamente, sacolinhas plásticas como facilidade para os seus clientes. Meio que combinado, os clientes passaram a consumir mais. Com o final da inflação, no início dos 90's, não era mais necessário ir ao supermercado uma vez por mês para comprar um montão... podíamos comprar pequenos montinhos semanais. E, como todos sabem, quem vai ao mercado comprar um negocinho ou outro acaba comprando outros negocinhos "que precisamos". Assim, os montinhos semanais foram evoluindo em montes, montes maiores, montões. Ficamos experts em ir aos supermercados comprar montões de "coisas necessárias" e deixamos de querer só comida... passamos a consumir comida, diversão e arte em qualquer parte e aprendemos a acondicionar tudo nesses sacos plásticos que vc traz do supermercado. E eles ainda completaram:
Vou entrar na sua vida
Você não vai viver sem mim
Vou estar por todo lado
No seu mundo até o fim
 
Os Titãs cantaram muito sobre consumo. Conhecem como nenhuma outra banda do cenário nacional como o brasileiro consome. Eles só não acertaram que, um dia, acordaríamos sem nosso símbolo maior de consumo: a sacolinha plástica. Aí... fodeu tudo!!!
Meu caro leitor, algumas considerações, dicas ou sugestões:
  1. Nos ensinaram a consumir e inventararm as sacolinhas para carregarmos nosso consumo. Agoram tiram as sacolinhas sem nos ensinar a diminuir o consumo; 
  2. Continuaremos a usar sacos plásticos no nosso dia a dia. Logo, a responsabilidade pela poluição deve ser das alças das sacolinhas;
  3. Alguns clientes, com acesso ao interior dos supermercados portando sacolonas de pano, terão que resistir à tentação de praticar pequenos furtos;
  4. Podemos levar um monte de sacolinhas do Carrefour para colocar as compras do Extra e vice versa, só de sacanagem;
  5. Vamos continuar a ter que vigiar as bolsas e, a partir de agora, as sacolonas de pano dentro do carrinho de compras;
  6. Sacolinhas foram proibidas nos supermercados mas não no restante do varejo (que não é supermercado);
  7. Ontem comprei um cabinho HDMI numa loja e o cara acondicionou minha compra numa sacolona plástica de Itu:
  8. Ao sairmos de uma loja com um produto nas mãos poderemos entrar em outra loja carregando o mesmo produto nas mãos? Poderemos, desde que seja acondicionado e lacrado em uma sacolinha plástica... heeeeein?!!!
Sei não porque eu tenho a impressão que os supermercados deram um pequeno tirinho no pé ao concordar com o Governo em reduzir o consumo das sacolinhas. Sabe aquela coisa de pensar no ganho imediato em detrimento do médio e longo prazo?
Espero que o consumo reduza. Consequentemente, que os supermercados tenham que fazer muitas e muitas promoções para manter sua rentabilidade. Que o consumidor ganhe com essa bobagem impensada e acordada entre Governo e empresários.
Olhem essa imagem, publicada incansavelmente durante essa semana  nos meios de comunicação:
Caros ativistas ambientalmente corretos, me respondam: Com o decrescente consumo de jornal em papel e o incremento considerável de informação online, o que eu devo fazer: imprimir o conteúdo online para poder forrar meu lixinho?
Pior de tudo é ouvir comentários da população, durante os telejornais, apontando como essa medida vai contribuir para o meio ambiente. Puta merda, tem é gente de montão que joga papel  pela janela do carro querendo se meter com minhas sacolinhas plásticas. Logo eu, que nem desperdiço sacolinhas na hora de embalar as compras... affff
Finalmente, depois que caírem todas as fichas necessárias, as sacolas plásticas poderão dar a volta por cima e retornar ao seu reinado, de onde nunca deveriam ter saído... 
Que não demore muito. Apenas o tempo necessário!!!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

20 - Peludinho do Meio 2 - Podólatras de Plantão

Peludinho do meio é o caralho!!! Já disse isso aqui no blog faz dois anos!!!
Caro leitor, depois desse tempo resolvi cumprir a promessa feita em 2008: "Viu porque fazer sites é algo traumatizante? E isso não é nada. Em breve, conto mais alguns episódios!!!"
Quero compartilhar com vcs um pouco dos três anos que desenvolvi sites, nos primórdios dessa tal Internet popular brasileira. Em 1995 foram fechadas as mais de 40 BBS brasileiras e os internautas acadêmicos ficaram órfãos dessas redes experimentais que funcionavam nas universidades desde 1987. Ainda em 1995 surgem os provedores Embratel e Mandic. Depois, Unysis e IBM. No ano seguinte surgem BOL, UOL e ZAZ. Em 2000 o ZAZ se tornaria Terra e a Internet estava bem disseminada no Brasil. E de lá para cá não é novidade para ninguém.
No início de 1997 comprei o Macintosh como equipamento da minha futura agência de publicidade. Esse equipamento vinha com uma tal placa de fax / modem de 14.400 kbps cuja função eu não tinha a menor idéia qual era. Sabia o que era um fax!!!
Alguns dias foram suficientes para desvendar o mistério da placa e logo estava eu procurando um provedor de acessos.  tentei uns três ou quatro até encontrar um que soubesse configurar todos aqueles DNS primários e secundários corretamente e me colocar conectado em impressionantes 14.400 kbps. Essa velocidade fazia desafiador baixar uma foto de um site qualquer, por menor que fosse o arquivo. E, como utilizava a linha telefônica como suporte de dados, se o telefone tocasse ao final de um download, tinha que começar tudo novamente após praguejar contra a pessoa que havia ficado com coceira no dedo e não podia ter esperado mais cinco minutinhos para ligar.
...
Pois foi nesse cenário que comecei a fazer os meus primeiros sites. Depois de fazer alguns testes, subir e derrubar páginas isoladas em hosters gratuitos como Geocities e Xoom, resolvi fazer um site de verdade. Site de verdade, nesse caso, seriam duas páginas: a página um com o link para a página dois e a página dois com o link para a página um. Na página um tinha o contador de acessos e na página dois o endereço de e-mail para contato. Chique, não é mesmo? E teria que ter aparência de coisa profissa.
Quando era solteiro, assinava a Revista Playboy. Como estava casado fazia apenas alguns meses, a assinatura ainda era vigente e eu tinha alguns pares dessa revista maravilhosamente inútil que, outrora, fora maravilhosamente importante na minha vida. Pois foi nessa pilha de revistas que pesquei uma delas e havia uma reportagem sobre podolatria. Podolatria é a adoração por aquele par de coisas que ficam logo abaixo das mulheres, com cinco coisinhas pintadas de vermelho, geralmente. Abri na página da matéria, escaneei as fotos, redimensionei no poderoso Adobe PhotoShop 4.0 e comecei a digitar e transpassar o texto da revista para a telinha do Macintosh, ipsis litteris. Sem querer, acho que fiz a primeira edição digital da Revista Playboy. Ou, pelo menos, de uma de suas matérias. E, sabem de uma coisa: não é que o sitezinho ficou bonitinho? Essa abaixo é uma das fotos originais da revista, utilizadas no site.
Prende a prisioneira o prendedor, que do seu fascínio não escapa. Há cinco séculos Camões cantava: "Esta cativa que me tem cativo", enamorado de uma escrava. Mistério: o prendedor prende-a para que não fuja, ou para prender-se? Porque como escapar dos encantos subjugados, como fugir à tentação de acariciar uma onça fora de combate, pés atados? Ele os prende com algemas para a mulher desejada não arredar dalí os delicados pés, e nem ele? E quanto a ela? É para tê-lo ali, fremente, que se deixa prender? Com o parágrafo acima, iniciei meu primeiro site não monopágina. Até que ficou interessante, não é mesmo, Caro Leitor? O site tinha umas sete ou oito fotos de pés. Exatamente as mesmas da reportagem da revista, na mesma ordem, inclusive. E com o mesmo texto!
Mas a Internet brasileira ainda era muito primitiva e, devido a uma escassez quase plena de sites, as duas páginas do Mr. Feety até que tinham o seu charme. E eu comecei a mostrá-las aqui e ali pela web.
Até que um dia alguém me mandou um e-mail com uma foto anexada e pediu para que eu colocasse aquela foto dos seus pés no site, após alguns elogios. E então veio a segunda foto, terceira. Vieram outros contatos com outras fotos e eu fui colocando todas elas, sempre após dar tratamento na imagem, colocar uma moldura, fazer um recorte. Tudo sempre caprichado, com esmero. E começou a dar certo. Sempre pingavam algumas fotos e logo abri uma seção só para as fotos enviadas. Um dia, recebi o primeiro conto erótico de um fã do site e tb o postei. Logo, vieram outros e, em pouco tempo, as páginas do Mr. feety tinham cara de homepage mesmo!!!
Numa noite, abri a caixa de e-mail e havia um convite diferente dos anteriores: era alguém pedindo para eu fazer uma homepage para um cliente seu. Um susto!!! Trocamos algumas mensagens e a pessoa me brifou e pediu para eu fazer um orçamento. Ah, um orçamento. Como me atrapalhei para fazer o primeiro orçamento de tantos outros que viriam. Não haviam referências. Faltavam pessoas que desenvolvessem sites e eu não sabia para quem perguntar. Então abri o jogo com meu futuro primeiro cliente: "Não sei fazer orçamentos. Me ajude". A Erica tinha um pequeno escritório de webdesign e havia gostado do meu estilo. Queria propor um site em fundo negro, como o do Mr. Feety, para seu cliente, um famoso instituto de estética de São Paulo. Discutimos mais algumas vezes por causa do preço e , no final, deu certo. Fiz o meu segundo site como gente grande. Estava bem orgulhoso disso. Vieram o terceiro e o quarto, ainda por intermédio da Erica. Recebia o pagamento direitinho. Como estava contente com a nova atividade, paralela ao meu trabalho na empresa em que estou, até hoje. Ralava muito, durante a noite, para fazer brotar as páginas para a Internet. O quinto cliente, uma distribuidora de produtos para limpeza industrial, tb apareceu pela minha caixa de entrada. E, dessa vez, eu tive que visitá-lo, fazer os contatos  e tratativas comerciais. Não tinha as mesmas facilidades de trabalhar para a Erica, que fazia essa parte e eu só precisava produzir sem essa preocupação. Mas esse cliente pagava melhor. Tive que visitá-lo algumas vezes e isso comeu boa parcela do meu banco de horas do emprego fixo. Quando ele me pediu um portfolio de homepages, mostrei os sites do instituto, da fábrica de balanças, da empresa de acústica e da escola de idiomas. Não convendendo-o na totalidade, lhe apresentei as páginas do Mr. Feety. E foi Mr. Feety quem selou o acordo. Meu novo cliente adorou o site.
Foram aparecendo outros clientes. E o Mr. Feety sempre aparecia da manga e fechava o acordo. Putz, o que eu poderia concluir? Que só tem tarados podólatras nessa Internet dos infernos, só pode ser!!!
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Em 1999 a Internet estava mais proliferada do que os coelhos na Austrália e os preços para se fazer homepages despencaram como o Skylab, 20 anos antes. Tinha moleque de monte fazendo páginas a dez reais cada. Meu preço, formado devido anos de estudo e treino, se tornara inviável. E, pior: o meu cliente ia parar na mão do moleque webdesigner e depois voltava para eu consertar o estrago. Dava mais trabalho do que começar do zero, certamente. E essa foi uma das razões pelas quais parei de produzir meus filhotinhos virtuais.
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Mr. Feety ficou no ar até 1999. Em 2002 ou 2003, a coloquei no ar por mais um ou dois meses e então, ficou definitivamente na lembrança dos Internautas guturais.
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Já que estamos aqui, algumas curiosidades sobre a homepage. Era toda feita em frames. Fazer um site em frames, ou pequenos pedaços, foi uma tendência no início da Internet. Como as conexões eram extremamente lentas, um determinado link clicado atualizava apenas um desses pedacinhos e o restante do site não precisava ser novamente carregado. Caro Leitor, os buscadores da época traziam somente as páginas iniciais das homepages. Aliás, a gente que ia lá no Infoseek, no RadarUOL, no Cadê, no Yahoo! e outros buscadores e cadastrava o site um a um. Puta mão de obra desgranhenta, se diga de passagem.
Esse foi o promeiro logotipo da Mr. Feety, em 1997:
Os webdesigners da época costumavam disponibilizar os seus banners para serem usados em outros sites e vice versa. Era mais ou menos assim: a gente mandava um e-mail para o designer de um site que considerávamos compatível com o nosso e propunha a troca de banners simultanea. Sempre havia um ou outro designers que esquecia de postar nosso banner em seu site mas a grande maioria era ponta firme. Então foi assim que surgiu a famosa página de links recomendados que perdura até a Internet atual. Esse era o banner do site:
A imagem de fundo é da contra capa do album Erotica. Muitas pessoas acham que Madonna chupa o pé de Naomi Campbell nessa imagem, de 1992. Na verdade, se trata do pé do modelo Tony Ward, segundo o site oficial da cantora.
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Dessa troca de banners o Mr. Feety começou a ficar um pouco mais conhecido. Às segundas-feiras eu fazia atualizações no site. Os internautas mais atentos começaram a prestar atenção a esses detalhes e assim, no último ano de sua existência, o site alcançava cerca de mil visitas ou hits diários após cada atualização. Essa marca essa fantástica para um site amador. E os frequentadores das suas páginas gostavam do formato utilizado: o de disponibilidade de todo o conteúdo de forma gratuita. A grande maioria dos sites dessa época se tornaram pagos.
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Com minha desistência em caminhar nesse território da criação de páginas a Mr. Feety tb entrou em decadência e, rapidamente, caiu em esquecimento por esse que vos escreve. De mil, passou a receber 100 visitantes, depois dez ou cinco ou duas visitas diarias até que se apagou definitivamente.
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Uma curiosidade: com a chegada revolucionária do Google, que utiliza outro sistema de buscas e traz cada pedaço e fragmento de arquivo HTML espalhado no cyber espaço, pedaços de sites começaram a aparecer nas buscas. Com isso, rapidamente, as páginas com frames desapareceram e agora a maioria dominante são de sites que carregam uma nova página inteira e completa e cada clicada sobre os links. E, num processo natural, navegar com algum dinamismo e velocidade exigiu do internauta navegar sob banda larga. Viu como o Google mudou a sua vida nisso tb?
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Essa foi a última versão do logotipo da Mr. Feety, já na sua fase decadente.
E fiquem atentas pq existem mais podólatras entre o tornozelo e a Terra do que possa supor vossa vã filosofia!!!



domingo, 4 de julho de 2010

19 - Difícil arte de ser mulher, difícil arte de ser gente!

Estes dias recebi um texto do Frei Betto chamado Difícil Arte de Ser Mulher. Tratava do premiado filme Ágora, de Alejandro Amenaba, uma analogia entre Hipácia de Ágora, do Século IV, e a realidade feminina do século XXI. O texto descreve sua trama em uma sinopse bem simples e interessante. Para quem quiser conhecer o texto segue o link para essa página que, inclusive, faz a contextualização histórica dos personagens.

Desde que Adão comeu a Eva, a maçã de sobremesa e começou a encher esse mundão véio de gente se iniciou uma curva de crescimento populacional que, em algum momento da história, tenderia a um saturamento. Especificamente neste texto, eu chamo de saturamento qualquer coisa que coloque em colapso o equilíbrio entre a oferta de empregos e mão de obra. Caro Leitor, há mais de um milhão de definições de saturamento, mas não se aplicam a este texto. Considero todas válidas e verdadeiras, mas não pertencem a este texto, por favor.

A Revolução Industrial, o Capitalismo, a Globalização e o Neo Liberalismo deram sua contribuição para chegarmos ao tal ponto de saturação a que me refiro. Métodos e processos audaciosos invadiram as empresas e a ordem era ganhar mais dinheiro com menos recursos, com menos pessoas e em menos tempo. O mundo, que então só pensava em sexo, de 300 anos prá cá começou a pensar tb em ganhar dinheiro, mas muito dinheiro, além de fazer sexo. Nesse momento as empresas passaram a escravizar seus empregados, sugar sua força e reduzir sua expectativa de vida. Lemos na história que, nesse processo de industrialização, o ambiente era hostil, insalubre e o trabalhador não chegava aos 50 anos de vida. Em certa ocasião eu estive em Paranapiacaba, subdistrito de Santo André - SP, e fui conhecer o velho cemitério da pequena vila. Olhando os túmulos que foram ocupados no final do Século XIX, percebi que nenhum morador daqueles jazigos tinha mais de 30 anos, pois morriam muito cedo. Já nos anos 1950's a expectativa de vida mundial já era de 48 anos. Aí surgiram leis trabalhistas, meios de comunicação, união entre trabalhadores. Enfim, o ambiente de trabalho começou a se tornar menos hostil e as expectativas de vida foram se alterando.

Mas a população continuava crescendo e a curva da saturação subia. Mais algumas décadas nesse ritmo e alguns analistas poderiam apostar que os empregos ficariam escassos ou insuficientes.

Vieram os 60's e o Feminismo no mundo ganhou força. Concomitantemente, as mulheres se inseriram fortemente no mercado de trabalho e encontraram esse ambiente mais favorável e menos insalubre. Se reduz o desequilíbrio entre mão de obra masculina e feminina nesse novo mercado.

Nos anos 90's o Feminismo ressurge. Agora, com mulheres bem mais preparadas para o mercado de trabalho, brigam por cargos e funções em igualdade com os homens e começam a ganhar seu espaço nas empresas, para o desespero dos machistas de plantão.

Mas a população continua crescendo e a curva da saturação chegando ao seu ápice. Mais alguns anos nesse ritmo e alguns poderiam apostar que os empregos ficariam escassos ou insuficientes, repetindo o que o senhor e a senhora acabou de ler, acima. Agora, com um agravante: os empresários passaram a contar com um exército de mão de obra mais bem preparado, com maior escolaridade e educação. Muito conveniente para a nova era tecnológica que chegara.

Nesse momento, foi inventada a jornada dupla. A mulher se fodia na empresa, era assediada pelo chefe e ainda dava conta da casa quando chegava, ao término do expediente.

Os empresários ficaram com a faca e o queijo na mão. A procura por empregos se tornou maior que oferta e os salários diminuíram. O que o pai de família ganhava para o sustento do lar não era mais suficiente. O salário da mulher se tornou essencial para a composição da renda. A publicidade e as novas obrigações sociais nos ensinaram a consumir mais. A qualidade das escolas e da saúde pública se perdeu e tivemos que pagar pela educação e pela saúde nos setores privados. Nas férias, ganhamos novas obrigações como viajar para lugares caros ou frequentar lugares da moda. E essa moderna dinâmica de consumo, meu caro leitor, nós conhecemos melhor do que ninguém e não é preciso entrar no mérito neste texto.

Tivemos um saldo negativo aqui. Com a oferta de mais mão de obra essa saturação foi adiantada em algumas décadas. Afinal, as mulheres representam mais da metade da população mundial. Uma representatividade importantíssima na sociedade.

As famílias foram obrigadas a terceirizar o lar e a educação dos filhos; as mulheres se tornarem escravas de padrões de beleza por causa da competitividade social e profissional e deixaram para ter filhos mais tarde. A família perdeu. A sociedade perdeu. Só os empresários ganharam. Com a globalização e o neo liberalismo essa roda viva se acentuou nos lares de forma medonha e assustadora.

Nos faz pensar se as Pós-Feministas estariam tão erradas assim. Por conta de uma pseudo igualdade as mulheres ficaram com a parte pior - mais uma vez. E agora é caminho sem volta. A sociedade foi enganada. As famílias perderam as mães por conveniência das empresas. Aprendemos a consumir e por mais horas durante o dia. Queremos ganhar mais dinheiro.

Socorro, enganaram a gente!!!

Assinado: um marido que trabalha prá cacete casado com uma mulher que trabalha prá cacete, para juntos, comporem a renda da família e garantir o futuro de sua filha linda!!!

Nota: excluam-se aqui as mulheres que obtiveram seu sucesso alheias ao ambiente fabril, sejam como empresárias, profissionais liberais ou como mães, respeitando a cruz de cada uma!!!




sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

18 - Do primeiro cartão ao torpedo


Brrrrrrrrr... brrrrrrrrrr.
Vc tem uma nova mensagem. Deseja ver agora? OK.

Desejamos um Natal repleto de harmonia, muitas felicidades, paz e saúde. Maurício e Família.
Desejamos a vc e à sua família um Feliz Natal e um excelente 2010 com saúde e muitas realizações. Biggi / Lu / João / Ana
Que nesta noite especial de Natal todos os seus sonhos se realizem e que Deus continue abençoando você e toda asua família. Feliz Natal e ótimo 2010. São os votos de Arnaldo, Luani e Vitor.
Um Natal de muita paz, saúde, alegria e prosperidade são os nosos votos a você e à sua família. Fabio (este que vos escreve), Rose e Bettina.
Agradecemos e retribuimos. Julio, Geni e Jessica.
Valeu, Fabião. Igualmente.
Vizinhos queridos! Tudo em dobro prá vcs! Feliz Natal e um 2010 iluminado. Bjssss
Que o seu Natal seja a esperança do ano que está por vir, com tds as realizações. Feliz natal e um 2010 iluminado. são os votos de Gilson e Família.
Obrigado, Ratão! Feliz natal a você e sua família linda! Este ano começou torto mas acabou bem. E que 2010 seja muito melhor. São os votos da Carla, Rafa, Anna e Osmar.
Que o espírito do Natal traga cada vez mais paz, amor, saúde, harmonia, sabedoria e sustento para nossos lares e nossas famílias. Que nosso Deus possa estar cada vez mais em nossos corações, em nossas vidas, em nossos caminhos e junto de nossas famílias. Que Deus esteja abençoando vc e toda sua família por mais essa oportunidade de comemorar o nascimento de Seu Filho Jesus! Feliz Natal e um forte abraço a vc e seus familiares. Família Prates.
A Família Bolgar agradece e deseja o mesmo.
Obrigado para vc e família também. Feliz Natal.
Muito obrigada primos. Um Natal abençoado para vcs também e em janeiro a gente se vê novamente. Estarei em São Paulo de 05/01 a 15/01 em treinamento pela Santher. Acho que em Bragança Paulista ou SP mas confirmo o local. Vovó vai fazer 93 anos em 11/02 e manda lembranças tb. Abraços, Mitchelle e Família.
Mamma mia ma djá é Natale? Infelizmente não dá mais para reunir toda a família como quando éramos pequenos. Aproveitem cada minuto com se fosse o último com sua família. Distribuam beijos e abraços na família toda. A vida é curta e a nossa família é uma só. Bom Natal e muito carinho a vocês. Ciao bello che io vo bebe até domani!
Amigo, Feliz Natal!!! Votos da Família Canavesso.
Obrigada, Fabio. Um Natal de muita luz, amor e felicidade para vcs também! Super beijo, Sabra.

Desejamos a você e à sua família um Feliz Natal e que Deus abençoe grandemente suas vidas. Um forte abraço!

Muito obrigado e que vocês tenham um Ótimo Natal com muita alegria e paz. Um grande abraço, Alessandro, Michele e Mateus.
Desejamos a você e à sua família um Natal de muita paz e amor e um Ano Novo repleto de realizações e de muita prosperidade. Um forte abraço. Mario e Grace.
Feliz Natal prá vc também e prá toda família. Bj.

Do primeiro cartão de Natal ao iPhone 166 anos se passaram. Entre um e o outro, o blog. Feliz Natal, Caro Leitor!!!