domingo, 4 de julho de 2010

19 - Difícil arte de ser mulher, difícil arte de ser gente!

Estes dias recebi um texto do Frei Betto chamado Difícil Arte de Ser Mulher. Tratava do premiado filme Ágora, de Alejandro Amenaba, uma analogia entre Hipácia de Ágora, do Século IV, e a realidade feminina do século XXI. O texto descreve sua trama em uma sinopse bem simples e interessante. Para quem quiser conhecer o texto segue o link para essa página que, inclusive, faz a contextualização histórica dos personagens.

Desde que Adão comeu a Eva, a maçã de sobremesa e começou a encher esse mundão véio de gente se iniciou uma curva de crescimento populacional que, em algum momento da história, tenderia a um saturamento. Especificamente neste texto, eu chamo de saturamento qualquer coisa que coloque em colapso o equilíbrio entre a oferta de empregos e mão de obra. Caro Leitor, há mais de um milhão de definições de saturamento, mas não se aplicam a este texto. Considero todas válidas e verdadeiras, mas não pertencem a este texto, por favor.

A Revolução Industrial, o Capitalismo, a Globalização e o Neo Liberalismo deram sua contribuição para chegarmos ao tal ponto de saturação a que me refiro. Métodos e processos audaciosos invadiram as empresas e a ordem era ganhar mais dinheiro com menos recursos, com menos pessoas e em menos tempo. O mundo, que então só pensava em sexo, de 300 anos prá cá começou a pensar tb em ganhar dinheiro, mas muito dinheiro, além de fazer sexo. Nesse momento as empresas passaram a escravizar seus empregados, sugar sua força e reduzir sua expectativa de vida. Lemos na história que, nesse processo de industrialização, o ambiente era hostil, insalubre e o trabalhador não chegava aos 50 anos de vida. Em certa ocasião eu estive em Paranapiacaba, subdistrito de Santo André - SP, e fui conhecer o velho cemitério da pequena vila. Olhando os túmulos que foram ocupados no final do Século XIX, percebi que nenhum morador daqueles jazigos tinha mais de 30 anos, pois morriam muito cedo. Já nos anos 1950's a expectativa de vida mundial já era de 48 anos. Aí surgiram leis trabalhistas, meios de comunicação, união entre trabalhadores. Enfim, o ambiente de trabalho começou a se tornar menos hostil e as expectativas de vida foram se alterando.

Mas a população continuava crescendo e a curva da saturação subia. Mais algumas décadas nesse ritmo e alguns analistas poderiam apostar que os empregos ficariam escassos ou insuficientes.

Vieram os 60's e o Feminismo no mundo ganhou força. Concomitantemente, as mulheres se inseriram fortemente no mercado de trabalho e encontraram esse ambiente mais favorável e menos insalubre. Se reduz o desequilíbrio entre mão de obra masculina e feminina nesse novo mercado.

Nos anos 90's o Feminismo ressurge. Agora, com mulheres bem mais preparadas para o mercado de trabalho, brigam por cargos e funções em igualdade com os homens e começam a ganhar seu espaço nas empresas, para o desespero dos machistas de plantão.

Mas a população continua crescendo e a curva da saturação chegando ao seu ápice. Mais alguns anos nesse ritmo e alguns poderiam apostar que os empregos ficariam escassos ou insuficientes, repetindo o que o senhor e a senhora acabou de ler, acima. Agora, com um agravante: os empresários passaram a contar com um exército de mão de obra mais bem preparado, com maior escolaridade e educação. Muito conveniente para a nova era tecnológica que chegara.

Nesse momento, foi inventada a jornada dupla. A mulher se fodia na empresa, era assediada pelo chefe e ainda dava conta da casa quando chegava, ao término do expediente.

Os empresários ficaram com a faca e o queijo na mão. A procura por empregos se tornou maior que oferta e os salários diminuíram. O que o pai de família ganhava para o sustento do lar não era mais suficiente. O salário da mulher se tornou essencial para a composição da renda. A publicidade e as novas obrigações sociais nos ensinaram a consumir mais. A qualidade das escolas e da saúde pública se perdeu e tivemos que pagar pela educação e pela saúde nos setores privados. Nas férias, ganhamos novas obrigações como viajar para lugares caros ou frequentar lugares da moda. E essa moderna dinâmica de consumo, meu caro leitor, nós conhecemos melhor do que ninguém e não é preciso entrar no mérito neste texto.

Tivemos um saldo negativo aqui. Com a oferta de mais mão de obra essa saturação foi adiantada em algumas décadas. Afinal, as mulheres representam mais da metade da população mundial. Uma representatividade importantíssima na sociedade.

As famílias foram obrigadas a terceirizar o lar e a educação dos filhos; as mulheres se tornarem escravas de padrões de beleza por causa da competitividade social e profissional e deixaram para ter filhos mais tarde. A família perdeu. A sociedade perdeu. Só os empresários ganharam. Com a globalização e o neo liberalismo essa roda viva se acentuou nos lares de forma medonha e assustadora.

Nos faz pensar se as Pós-Feministas estariam tão erradas assim. Por conta de uma pseudo igualdade as mulheres ficaram com a parte pior - mais uma vez. E agora é caminho sem volta. A sociedade foi enganada. As famílias perderam as mães por conveniência das empresas. Aprendemos a consumir e por mais horas durante o dia. Queremos ganhar mais dinheiro.

Socorro, enganaram a gente!!!

Assinado: um marido que trabalha prá cacete casado com uma mulher que trabalha prá cacete, para juntos, comporem a renda da família e garantir o futuro de sua filha linda!!!

Nota: excluam-se aqui as mulheres que obtiveram seu sucesso alheias ao ambiente fabril, sejam como empresárias, profissionais liberais ou como mães, respeitando a cruz de cada uma!!!