quarta-feira, 5 de abril de 2017

25 - Branca, a dona de todas as cores

Branca, a soma de todas as cores, a dona de todas as cores, a cor mais afortunada. Se essa cor pudesse ser representada por um animal que representasse a sua intensidade, qual fera o meu Caro Leitor sugeriria?
Assim como a fonte branca que permite ao Caro Leitor interpretar esta página, a leoa no fundo negro igualmente se destaca. É como uma fonte Bold lhe encarando lá do topo da cadeia alimentar das cores, pronta para lhe devorar.

Segundo o Wikipedia, "branca é a junção de todas as cores do espectro de cores. É definida como 'a cor da luz'. É a cor que reflete todos os raios luminosos, não absorvendo nenhum e por isso aparecendo como clareza máxima. O Código hexadecimal para a cor branca pura é #FFFFFF."

Essa cor branca na sua tela, seja do smartphone, tablet, notebook ou TV, significa que as três cores de pixels que a compõem, vermelho, verde e azul ou simplesmente RGB em inglês, receberam uma quantidade de luz tão intensa que conseguiu gerar na sua visão o efeito da cor branca que dilata as suas pupilas.

Eba! Então vamos todos misturar as cores para fazer cor branca na parede de casa para a mamãe ficar bem feliz!
Resultado de imagem para criança suja de tinta
Xiiiiii, tô ferrado. Isso não deu muito certo!

A cor branca é para ser admirada, mas não pode tocada. Se puder tocá-la é porque não é a cor certa. Tem misturas ou nuances de outras cores impuras, ordinárias e maculadas, de vários nomes e apelidos. Sendo a cor da luz, que reflete todos os raios luminosos e não absorve nada, a branca é intocável, a soma de todas as cores, a dona de todas as cores, a cor que não posso pegar.

sábado, 1 de abril de 2017

24 - Anos 80 ou 08 anos

Quando falo dos anos 80 me lembro dessa divertida campanha da Delta Airlines. Vc consegue identificar quantos elementos e referências no video abaixo:
 
Caro Leitor, certamente este não é seu primeiro contato com a tecnologia no dia de hoje. Caso você não seja um ponto fora da curva, antes de iniciar esta leitura você já acessou sua conta do Facebook, Instagram, Twitter, Snapchat, Viper, Messenger, Whatsapp. Aliás, como esse blog não é conhecido, você só chegou a ele através da indicação de algum contato virtual via Messenger, Whatsapp ou estava procurando alguma outra coisa no Google e o Rato Elétrico apareceu nos resultados. Acertei?

Como eu sei disso? Simples: porque a tecnologia presente no nosso dia a dia é algo fantástico. Se estivéssemos em qualquer outra época anterior a algumas décadas, o único local em que este blog poderia ser encontrado seria no fundo empoeirado de alguma biblioteca, cujas possibilidades reais de ser visto atrás das Barsa, Delta Larousse, Conhecer, Jorge Amado, Carlos Drummond, Gabriel Garcia, de algum livrinho da Ática ou de quaisquer outras publicações da época seria zero vírgula zero por cento.

Resolvi escrever este post depois de ter recebido, via redes sociais, um vídeo de um locutor que cita o texto de Maro Mannes, "Todos Nascidos Antes de 1986". O autor Maro Mannes escreveu um paralelo entre os 80's e a atualidade, citando fatos como beber água de mangueira, consumir calorias sem engordar, compartilhar produtos pessoais, brinquedos supostamente perigosos, contraponto não haver tecnologia à disposição, nem TV a cabo, celulares, computadores, DVDs etc, o que faria com que a vida fosse melhor nos anos 80 e não nos dias de hoje.

Tenho algumas considerações, Caro Leitor. Brincar de cubo mágico, pião ou io-iô não pode ser melhor do que jogar XBox 360 com Kinect; telefone discado e com fio não deve ser mais legal do que smartphone; comer a mortadela pendurada fora do freezer a meses, escorrendo gordura e sem data de validade não se compara aos Fatiados Sadia que não grudam as fatias, assim como o Ultravox é mais simplório do que o Kings Of Leon e a Brasília é bem menos potente e silenciosa que um Fox. Digo mais: o modo de vida idolatrado pelos saudosistas dos 80's ainda resiste nas comunidades da periferia, como brincar na rua, conversar entre vizinhos até tarde da noite, subir em muros, beber água na torneira, compartilhar objetos pessoais. Qualquer um desses saudosistas, que moram nas grandes metrópoles, no conforto dos seus apartamentos tecnológicos, estão convidados a voltar 30 anos no tempo e trocar tudo isso pela vida oitentista em qualquer uma dessas comunidades. E ainda ganha o direito de se vangloriar pq "isso é que é infância de verdade". O jogador Adriano teve coragem de voltar esses 30 anos no tempo, mas essa coragem é questionável e para poucos.

Essa década é tão idolatrada por saudosistas porque foi nos 80's, até meados dos 90's, que tinham 8 ou 10 anos de idade, uma fase de brincadeiras e diversão despretensiosa. Além disso, a chamada Geração X era a que brincava com os irmãos, que tinha o colo da mãe por perto, que tinha o contato no olho por olho, a que convivia em família e como família. É a geração da transição entre o analógico e a tecnologia digital, mas é também a última geração que conviveu com irmãos, segundo dados do IBGE.


Passados 30 anos cada um foi para um lado, seguiu sua vida, se mudou para outra cidade, outro estado. Ninguém sente saudades do cubo mágico, do Kichute que machucava os pés, do Ki-Suco ou Q-Refresco que manchavam a língua, do Genius ou do Atari. Os irmãos sentem é saudades de disputarem horas na frente da TV, de ficarem memorizando cores no disco voador sonoro e colorido, de formarem times de futebol na quadra ou na rua, de darem uma bica na bunda do outro e de apanharem de chinelo da mãe. Como essas sensações são quase sempre intangíveis, faz-se a comparação com o que se pode encontrar na internet: o Merthiolate que ardia, o carrinho de rolimã, a Sukita ruim prá cacete, o chiclete Ping Pong que era uma barra dura de corante, TV com chuviscos, Gol a ar, pasta Kolynos que manchava de branco, desodorante Avanço fedido, produtos vencidos de supermercados etc.

Aí surge um paradoxo: se não fosse a tecnologia da internet e os seus suportes, como iPhones, smartphones, tablets, iPads, notebooks etc, bem como os respectivos aplicativos e mecanismos inteligentes de busca, esses objetos retrôs não seriam resgatados e disseminados como os objetos mais legais do universo de todos os tempos e estaríamos dando graças a Deus terem evoluído ou não existidos mais. Ponto para a tecnologia novamente.

Outro desafio: Quem dos saudosistas não gostaria de ter a árvore para subir na rua da sua casa para ficar sentado no galho olhando o Facebook pelo smartphone, depois tirar uma selfie para mostrar aos amigos? E quem não gostaria de ir ao Madero ou Outback em vez de comer pastel com carne grudenta e caldo de cana do lado de uma tonelada de bagaços com moscas? Coloque um punhado de bolinhas de gude, piões, bonecas Susi, elásticos de pular, cubos mágicos, dominós, um Pinote e um Pega-Varetas e tente negociar todos esses objetos com o iPad do seu vizinho de 10 anos.

A grande mudança que ocorreu, de verdade, foi na estrutura das famílias. Estão mais enxutas e ausentes porque os pais, quando ainda estão casados, precisam ganhar dinheiro para suprir as demandas da vida moderna. Já escrevi sobre isso faz alguns anos. Aqui encontramos mais um paradoxo e outra discussão para um outro post, que é o fato de querermos mais e mais para sobrevivermos em um isolamento maior, com tecnologias melhores. Não são os objetos antigos que eram mais legais, eram as famílias.

Lembre-se: ler esse texto só foi possível graças a muita tecnologia e você não teria feito isso 30 anos atrás.