quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

22 - Sacolinhas Plásticas

Em 29 de janeiro último, iniciei um comentário no FaceBook:
"Se os mercados estão mesmo preocupados com o meio ambiente então parem de encher o meu portão com seus jornalecos de propaganda que consomem muitas árvores de cada vez, sujam as ruas, entopem os bueiros, ocupam espaço no meu lixo de sacos plásticos comprados com meu dinheiro!!!"
Me lembro bem, na infância nos 70's, como era carregar cinco pãezinhos equilibrados em forma de pirâmide, acomodados em uma folha de papel fino e quase transparente, fechada por dois nozinhos torcidos nas pontas; trazer pelo biquinho do saquinho o litro de leite lambecado e fedido; carregar meia dúzia de ovos no saco de papel grosso, misturado com serragem para não quebrar nenhum. A garrafa de guaraná era feita de vidro e continha apenas um litro. Doces, a gente comprava um por vez - mesmo que algumas vezes durante o dia. Os mercados distribuíam caixas de papelão ou sacos de papel para acondicionar as compras que eram, quase sempre, mensais. Na feira, sacolas de nylon coloridas ou de lona, verdes.
Com os anos foram surgindo os mercados maiores e então os supermercados, como conhecemos. Estes passaram a distribuir, gratuitamente, sacolinhas plásticas como facilidade para os seus clientes. Meio que combinado, os clientes passaram a consumir mais. Com o final da inflação, no início dos 90's, não era mais necessário ir ao supermercado uma vez por mês para comprar um montão... podíamos comprar pequenos montinhos semanais. E, como todos sabem, quem vai ao mercado comprar um negocinho ou outro acaba comprando outros negocinhos "que precisamos". Assim, os montinhos semanais foram evoluindo em montes, montes maiores, montões. Ficamos experts em ir aos supermercados comprar montões de "coisas necessárias" e deixamos de querer só comida... passamos a consumir comida, diversão e arte em qualquer parte e aprendemos a acondicionar tudo nesses sacos plásticos que vc traz do supermercado. E eles ainda completaram:
Vou entrar na sua vida
Você não vai viver sem mim
Vou estar por todo lado
No seu mundo até o fim
 
Os Titãs cantaram muito sobre consumo. Conhecem como nenhuma outra banda do cenário nacional como o brasileiro consome. Eles só não acertaram que, um dia, acordaríamos sem nosso símbolo maior de consumo: a sacolinha plástica. Aí... fodeu tudo!!!
Meu caro leitor, algumas considerações, dicas ou sugestões:
  1. Nos ensinaram a consumir e inventararm as sacolinhas para carregarmos nosso consumo. Agoram tiram as sacolinhas sem nos ensinar a diminuir o consumo; 
  2. Continuaremos a usar sacos plásticos no nosso dia a dia. Logo, a responsabilidade pela poluição deve ser das alças das sacolinhas;
  3. Alguns clientes, com acesso ao interior dos supermercados portando sacolonas de pano, terão que resistir à tentação de praticar pequenos furtos;
  4. Podemos levar um monte de sacolinhas do Carrefour para colocar as compras do Extra e vice versa, só de sacanagem;
  5. Vamos continuar a ter que vigiar as bolsas e, a partir de agora, as sacolonas de pano dentro do carrinho de compras;
  6. Sacolinhas foram proibidas nos supermercados mas não no restante do varejo (que não é supermercado);
  7. Ontem comprei um cabinho HDMI numa loja e o cara acondicionou minha compra numa sacolona plástica de Itu:
  8. Ao sairmos de uma loja com um produto nas mãos poderemos entrar em outra loja carregando o mesmo produto nas mãos? Poderemos, desde que seja acondicionado e lacrado em uma sacolinha plástica... heeeeein?!!!
Sei não porque eu tenho a impressão que os supermercados deram um pequeno tirinho no pé ao concordar com o Governo em reduzir o consumo das sacolinhas. Sabe aquela coisa de pensar no ganho imediato em detrimento do médio e longo prazo?
Espero que o consumo reduza. Consequentemente, que os supermercados tenham que fazer muitas e muitas promoções para manter sua rentabilidade. Que o consumidor ganhe com essa bobagem impensada e acordada entre Governo e empresários.
Olhem essa imagem, publicada incansavelmente durante essa semana  nos meios de comunicação:
Caros ativistas ambientalmente corretos, me respondam: Com o decrescente consumo de jornal em papel e o incremento considerável de informação online, o que eu devo fazer: imprimir o conteúdo online para poder forrar meu lixinho?
Pior de tudo é ouvir comentários da população, durante os telejornais, apontando como essa medida vai contribuir para o meio ambiente. Puta merda, tem é gente de montão que joga papel  pela janela do carro querendo se meter com minhas sacolinhas plásticas. Logo eu, que nem desperdiço sacolinhas na hora de embalar as compras... affff
Finalmente, depois que caírem todas as fichas necessárias, as sacolas plásticas poderão dar a volta por cima e retornar ao seu reinado, de onde nunca deveriam ter saído... 
Que não demore muito. Apenas o tempo necessário!!!